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Abdelmassih diz que só ficou no Paraguai; ex-médico é levado a Tremembé

Do UOL, em São Paulo

20/08/2014 16h43Atualizada em 20/08/2014 17h50

O delegado da Polícia Civil Osvaldo Nico Gonçalves afirmou que o ex-médico Roger Abdelmassih disse aos policiais que permaneceu o tempo todo no Paraguai desde que deixou o Brasil, em 2011. Abdelmassih, em conversa com os policiais, negou ter ido ao Líbano enquanto estava com o paradeiro desconhecido. Nico ainda disse que o médico afirma não possuir mais bens.

O ex-médico, que foi condenado a 278 anos por 56 acusações (52 estupros e quatro tentativas, segundo a denúncia de 39 vítimas, de acordo com a sentença), foi levado, algemado, por volta das 16h40, para o presídio de Tremembé 2 (a 133 quilômetros de São Paulo), onde irá cumprir sua pena.

Abdelmassih foi preso na tarde de ontem em uma ação da PF (Polícia Federal) em Assunção, no Paraguai. Após a detenção, o ex-médico "chorou bastante" e se disse arrependido, segundo o delegado. "Ele falou que está arrependido. Disse que é inocente, mas que está arrependido de algumas coisas."

O ex-médico desembarcou no aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, por volta de 15h desta quarta-feira (20). Ele foi submetido a um exame de corpo de delito na delegacia de Polícia Civil do aeroporto. Segundo o delegado, ele é cardiopata e precisará tomar medicação na cadeia. De Congonhas, o ex-médico será levado ao presídio Tremembé 2 (133 km de São Paulo).

As vítimas do ex-médico se revoltaram ao o reverem na entrada da delegacia da Polícia Civil do terminal. "Eu tenho nojo desse homem. Ele acabou com a minha vida, acabou com a vida de milhares de mulheres. Seja bem-vindo ao inferno", disse Vanuzia Leite Lopes, uma das vítimas aos jornalistas. Quando Abdelmassih --que usava um colete à prova de balas-- passou pelo local, elas tentaram quebrar a barreira de isolamento do local para agredi-lo. 

Ivanilde Serebrenic, também vítima de Abdelmassih, acredita que novas acusações contra o condenado devem surgir. "Só ontem (19), fomos procuradas por sete vítimas. Nós temos provas o suficiente para ele ser incriminado por mais crimes. Temos mais de 300 anexos com todos esses documentos. Toda essa documentação, repassamos para a polícia", afirmou aos jornalistas.

Transferência

Abdelmassih foi transferido para a capital paulista depois de ter passado a noite na delegacia da PF (Polícia Federal) em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai. Por volta das 12h20, ele deixou algemado a sede da PF na cidade paranaense. Aos jornalistas, Abdelmassih disse: "A Justiça é que vai provar alguma coisa". Na sequência, ele entrou em um carro da PF e partiu para o aeroporto internacional de Foz do Iguaçu.

No aeroporto, o condenado permaneceu por alguns instantes na sala da PF no aeroporto. O avião com Abdelmassih decolou por volta das 13h20 com destino ao aeroporto de Congonhas. 

Mapa do Paraguai com a capital Assunção - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Nesta manhã, ele se alimentou e tomou banho. Ao conversar com o delegado, ele se emocionou depois de perguntar sobre os dois filhos e a mulher, que ficaram no Paraguai.

O ex-médico liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo. Quem desse informações de seu paradeiro poderia levar R$ 10 mil, o maior valor oferecido pela pasta. Como ele foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal, a Polícia Civil e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, ninguém vai ganhar esse dinheiro.

Penitenciária

Em Tremembé 2, Abdelmassih terá companhias famosas. Nessa prisão, já cumprem pena outros criminosos de casos de grande repercussão, como os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos --que foram condenados com Suzane von Richtoffen pela morte dos pais dela--, Alexandre Nardoni --pai da menina Isabela, lançada da janela de um prédio--, Guilherme Raymo Longo --padrasto do menino Joaquim, encontrado morto em um rio no interior paulista--, e Eduardo Martins, que confessou ter matado, neste ano, o zelador do prédio onde morava em São Paulo.

Outros detidos em Tremembé 2, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), são o jornalista Pimenta Neves --que matou a ex-namorada em 2000-- e Limdemberg Alves Fernandes --que sequestrou a namorada, Eloá, em 2008.

O ex-médico volta para o Complexo Penitenciário de Tremembé após cinco anos. Em 2009, entre os meses de agosto e dezembro, ele ficou detido no local, mas ganhou o direito de aguardar sua sentença em liberdade após a Justiça aceitar um pedido de habeas corpus.

Na penitenciária de Tremembé 2, Abdelmassih encontrará um cenário de lotação. A prisão tem capacidade para 408 detentos, mas abriga hoje 451 condenados. Outros 189 usam as 200 vagas da ala de Progressão Penitenciária, de acordo com a SAP. 

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