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Abdelmassih vai para a mesma prisão de irmãos Cravinhos e Nardoni

Do UOL, em São Paulo

20/08/2014 12h03

O médico Roger Abdelmassih, preso na terça-feira (19), no Paraguai, depois de quase quatro anos foragido, irá para a penitenciária de Tremembé II, no interior de São Paulo, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) paulista.

Nessa prisão, já cumprem pena outros criminosos de casos de grande repercussão, como os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos --que foram condenados com Suzane von Richtoffen pela morte dos pais dela--, Alexandre Nardoni --pai da menina Isabela, lançada da janela de um prédio--, Guilherme Raymo Longo --padrasto do menino Joaquim, encontrado morto em um rio no interior paulista--, e Eduardo Martins, que confessou ter matado, neste ano, o zelador do prédio onde morava em São Paulo.

Outros detidos em Tremembé II, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) são o jornalista Pimenta Neves --que matou a ex-namorada em 2000-- e Limdemberg Alves Fernandes --que sequestrou a namorada, Eloá, em 2008.

Condenado a 278 anos de prisão por 56 acusações (52 estupros e quatro tentativas, segundo a denúncia de 39 vítimas, de acordo com a sentença). Os crimes teriam acontecido em sua clínica de fertilização, em São Paulo, entre os anos de 1995 e 2008.

Abdelmassih liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo. Quem desse informações de seu paradeiro poderia levar R$ 10 mil, o maior valor oferecido pela pasta. Como ele foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal, a Polícia Civil e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, ninguém vai ganhar esse dinheiro.

Nesta quarta-feira (20), o ex-médico aguarda transferência da delegacia da PF (Polícia Federal) em Foz do Iguaçu (PR), de onde será levado para São Paulo, chegando à capital paulista entre 14h e 15h, segundo a assessoria da instituição. Já de acordo com a SSP, assim que chegar ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, Abdelmassih passará por exame de corpo de delito. Em seguida, ele será encaminhado para a penitenciária em Tremembé, a 133 quilômetros da capital paulista.

Mapa do Paraguai com a capital Assunção - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Abdelmassih passou a noite na carceragem em Foz do Iguaçu. Pela manhã, ele se alimentou e tomou banho. Ao conversar com o delegado, ele se emocionou depois de perguntar sobre os dois filhos e a mulher, que ficaram no Paraguai.

Volta a Tremembé

O ex-médico volta para o Complexo Penitenciário de Tremembé após cinco anos. Em 2009, entre os meses de agosto e dezembro, ele ficou detido no local, mas ganhou o direito de aguardar sua sentença em liberdade após a Justiça aceitar um pedido de habeas corpus.

Na penitenciária de Tremembé II, Abdelmassih encontrará um cenário de lotação. A prisão tem capacidade para 408 detentos, mas abriga hoje 451 condenados. Outros 189 usam as 200 vagas da ala de Progressão Penitenciária, de acordo com a SAP. 

Ajuda em fuga

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) investiga uma suposta rede de favorecimento à fuga do ex-médico Roger Abdelmassih. O promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz, em entrevista ao UOL, falou a existência de uma "eventual estrutura que dava suporte financeiro, logístico e estratégico" a Abdelmassih e sua família desde 2011.

"Para permanecer foragido por tanto tempo e com tamanha regalia, haveria de ter uma estrutura, uma instituição de fachada ou não, alguém ou um grupo de pessoas que favoreceu o processo ilícito, que certamente envolveu muito dinheiro."

Os integrantes dessa rede e o próprio Abdelmassih, como apontou o promotor, teriam cometido uma série de outros crimes, tais como lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsidade material. Poz disse ainda não é possível saber quem são todos os envolvidos. "Precisamos dar continuidade às investigações para termos condições de elencar quem de fato esteve envolvido e de que forma atuou", afirma.

"A prisão foi uma circunstância da investigação, que continua. Se algo ilícito foi feito nesse período, é preciso ser apurado. Os responsáveis precisam pagar pelos delitos cometidos para que ele [Abdelmassih] vivesse na clandestinidade", acrescenta o promotor. 

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