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Pais levam para MG corpo de filha enterrada como indigente no RJ em 2011

Casal mostra fotos da filha Grazielle Marques Silva, que foi assassinada em uma cidade do Rio de Janeiro em 2011 e enterrada como indigente - Arquivo pessoal
Casal mostra fotos da filha Grazielle Marques Silva, que foi assassinada em uma cidade do Rio de Janeiro em 2011 e enterrada como indigente Imagem: Arquivo pessoal

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

21/08/2014 17h21

Após três anos de idas e vindas, um casal de Belo Horizonte conseguiu vencer os trâmites burocráticos para fazer o traslado do corpo da filha, que havia sido enterrada como indigente em cemitério do Estado do Rio de Janeiro, após ter sido assassinada.

De acordo com o pastor evangélico Alexandre Jorge da Silva, 47, pai de Grazielle Marques Silva, apesar de o crime ainda não ter sido solucionado, a transferência do corpo da filha para Belo Horizonte trará um pouco de conforto aos familiares que, segundo ele, a partir disso consigam retomar as suas vidas.

O corpo de Grazielle, que tinha 20 anos à época,  foi encontrado em março de 2011 por homens do Corpo de Bombeiros em rio da cidade de Itaguaí (70 km do Rio de Janeiro), com uma perfuração na região torácica, aparentemente feita com uso de uma arma branca.

Ela havia ido ao Rio passar o Carnaval daquele ano com o namorado, na cidade de Japeri, na Baixada Fluminense. A jovem foi enterrada como indigente no cemitério Santa Cruz. O namorado, que era morador da região, também foi assassinado.

No entanto, em que pese a confirmação da identidade dela ter sido feita em 2012, a família precisou esperar um longo período para conseguir a liberação do corpo.

“Nessa semana, ou no mais tardar, na semana que vem, a gente vai fazer o traslado. Até que enfim a gente conseguiu a liberação lá no Rio de Janeiro. Agora vamos ter paz para tocar as nossas vidas”, afirmou Silva.

O pastor afirmou que o corpo da filha será enterrado no cemitério da Paz, localizado no bairro Caiçaras, região noroeste da capital mineira.

“Algumas pessoas disseram para a gente esquecer isso, deixar para lá. Mas a gente não deixou, não. É a nossa filha, nós não podíamos abandoná-la. Hoje, eu tenho uma sensação de vitória, de um conforto para a família e para que a gente retomar a nossa vida normal”, revelou.

Os pais da jovem vêm sendo assistidos desde 2012 pelo Núcleo de Atendimento a Vítimas de Crimes Violentos (NAVICV), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese).

Segundo a assessoria do órgão, o núcleo presta assistência psicossocial e jurídica gratuitas aos pais de Graziella.

O caso é acompanhado pelo Escritório de Direitos Humanos (EDH), da Sedese, juntamente com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG).

O setor afirmou ter sido informado pela direção do cemitério, onde está enterrado o corpo de Graziella, que o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro responsável pelo caso já autorizou a exumação e o traslado do corpo da moça. Uma funerária da capital mineira irá realizar o transporte dos restos mortais de Grazielle.

Crime não solucionado e burocracia

O pastor evangélico afirmou não ter quase nenhuma notícia sobre o andamento das investigações sobre a motivação dos assassinatos. Ele contou ter conseguido achar o paradeiro da filha após familiares do namorado dela terem ligado para ele, dando conta do sumiço do casal.

Silva disse então ter se deslocado para a região, onde iniciou, por conta própria, uma busca pela localização da filha.

A advogada Rafaela Barbosa Silva, que fornece assistência jurídica à família, disse que a demora entre a identificação do corpo e o traslado se deu meramente por questões burocráticas.

“De fato, levou-se muito tempo mesmo. Principalmente por se tratar de caso ocorrido em outro Estado, dependíamos de autorização judicial, de autorização do delegado do Rio de Janeiro. Havia uma dificuldade em tratar com os órgãos de lá. Realmente eram questões burocráticas que envolveram uma série de envios de documentação, confirmação de informações e de formalizações”, afirmou Rafaela.

A advogada também disse que há pouca informação sobre o andamento dado pela polícia às investigações. “Pelo que sei, o caso está parado”.