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Transferência de presos pode ter causado motim que deixou 1 morto em MG

Albergue da cadeia pública de Campestre (430 km de Belo Horizonte) ficou destruído após incêndio em colchões durante motim de presos - Luiz Fernando Andrade
Albergue da cadeia pública de Campestre (430 km de Belo Horizonte) ficou destruído após incêndio em colchões durante motim de presos Imagem: Luiz Fernando Andrade

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

26/08/2014 12h33

A transferência de presos da cadeia pública de Campestre (430 km de Belo Horizonte), agendada para ocorrer nesta terça-feira (26), pode ter sido a causa de motim que resultou na morte de um detento e que deixou outros sete feridos na noite desta segunda-feira (25) em Minas Gerais.

Segundo a Polícia Civil, a informação da mudança do local de cumprimento da pena pode ter vazado aos presos, que seriam contrários à medida. Detentos do albergue iniciaram um incêndio em colchões dento da cela e atingiram o grupo de albergados (presos que passam o dia fora, no trabalho, e se apresentam à noite para dormir na cadeia).

A polícia local disse que é permitida a entrada de isqueiros porque os albergados podem fumar no local. As causas do motim ainda estão sendo investigadas. 

O preso que morreu teve 100% do corpo queimado. O albergue ficou totalmente destruído.

A corporação afirmou que três dos sete feridos estão em estado grave e foram transferidos para uma unidade hospitalar na cidade de Alfenas (335 km da capital mineira). Já os demais foram levados para hospital da cidade de Poços de Caldas (470 km de Belo Horizonte). Os nomes das vítimas ainda não foram divulgados.

As chamas foram combatidas inicialmente por um agente penitenciário e por um policial militar, que estavam no local. Em seguida, mais PMs e policiais civis foram acionados e, com uso de um caminhão-pipa da prefeitura, conseguiram debelar o incêndio. Homens do Corpo de Bombeiros do município de Poços de Caldas também compareceram para ajudar nos trabalhos. A perícia da Polícia Civil esteve no local para colher dados sobre o incêndio.

Cadeia interditada

A Polícia Civil informou que foram transferidos 31 detentos que escaparam do incêndio. Eles foram levados para o presídio de Três Corações (a 300 km de Belo Horizonte) em cumprimento a uma determinação judicial que interditou a cadeia de Campestre em 11 de junho deste ano.

A Justiça proibiu a entrada de novos presos e mandou desativar as atividades da cadeia em razão da deterioração das instalações do local, que fica no centro da cidade e tem mais de 50 anos de construção. Conforme a polícia, o trâmite burocrático para a transferência dos detentos para outras unidades prisionais havia sido encerrado neste mês.

Motim em Juiz de Fora

Na madrugada desta terça-feira (26), também foi controlada por agentes penitenciários uma rebelião iniciada por detentos do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora (278 km de Belo Horizonte).

Segundo a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), o motim se iniciou ainda na noite de ontem, quando presos atearam fogo em pedaços de colchões das celas e os lançaram na galeria do local. Vão ser apuradas as causas do motim e avaliados os danos materiais causados dentro do Ceresp.

Conforme nota do órgão, o Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar as chamas. Ao todo, 23 presos tiveram ferimentos leves e foram atendidos no setor de saúde da unidade prisional. Ao todo, cinco detentos precisaram ser levados para o pronto-socorro, mas passam bem, revelou o órgão.

Já a Polícia Militar foi chamada, mas não precisou intervir dentro do presídio, limitando-se a dar apoio externo. Familiares dos detentos, que se aglomeraram na porta do local, entraram em confronto com os militares, que revidaram com disparos de balas de borracha.

A Suapi informou que 40 presos considerados líderes do motim serão transferidos para unidades prisionais da região metropolitana de Belo Horizonte. A rotina da unidade foi retomada normalmente nesta terça-feira.