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Mulher agredida com cotovelada em SP tem alta, mas não se lembra do ataque

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

02/09/2014 16h55

A auxiliar de produção Fernanda Regina Cézar Santiago, 30, que foi agredida com uma cotovelada na madrugada do dia 16 de agosto, teve traumatismo craniano e chegou a ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em São Roque (a 66 km de São Paulo), teve alta na noite desta segunda-feira (1º). A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde, que responde pelo Hospital Regional de Sorocaba, onde ela ficou internada por 16 dias.

Fernanda foi agredida pelo comerciante Anderson Lúcio de Oliveira, 35. Ele está preso e irá responder por tentativa de homicídio qualificado, já que a vítima não teve chance de defesa, segundo a polícia.

“Ela está na casa de parentes, mas passa a maior parte do tempo sedada. Ainda tem dores horríveis e não suporta a luz”, contou o irmão de Fernanda, Eduardo Santiago. Segundo ele, os médicos informaram que não é possível informar se ela irá ter sequelas e que ela será acompanhada por seis meses até que um diagnóstico mais confiável possa ser dado. “Não dá para saber agora como ela vai ficar. Só sabemos que ela grita muito e, por isso, fica sedada quase todo o tempo”, contou ele.

Ainda segundo o irmão, Fernanda, nos poucos momentos em que fica desperta, diz não se lembrar do que aconteceu na madrugada do crime. “Ela sabe que encontrou o Anderson na boate, mas não lembra de ter sido golpeada”, disse, ressaltando que os dois se conheciam, mas não eram próximos. “Aqui é pequeno, todo mundo se conhece, mas ele não era próximo.”

Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde confirmou a alta, mas não passou detalhes sobre o estado de saúde de Fernanda, limitando-se a informar que o corpo clínico do hospital optou pela alta porque a paciente reunia condições para a liberação. A assessoria informou que ninguém do corpo médico comentaria o caso.

O dia do crime

A Polícia Civil de São Roque já iniciou as oitivas de testemunhas. Segundo a delegada Priscila de Oliveira, ninguém ainda soube dizer o que causou a discussão. "Algumas testemunhas disseram que a vítima estava falando alto e mexendo com pessoas que passavam pela rua antes da agressão, mas ninguém soube dizer o que ocorreu."

Segundo ela, em depoimento, Oliveira disse que Fernanda estava alterada e que teria xingado ele e o irmão. “Ele diz que deu a cotovelada para afastá-la, não para machucá-la”, afirmou a delegada.

De acordo com Ademar Gomes, advogado da família da vítima, a intenção da família é processar Oliveira também civilmente. “Ele terá de arcar com os custos dos procedimentos médicos e será acionado para que pague danos morais e materiais”, disse. “Esse senhor é descontrolado, já demonstrou que não pode viver em sociedade."

Segundo a polícia, Oliveira tem passagem por contravenção penal por envolvimento com máquinas caça-níqueis. O comerciante também tem registro de um roubo no qual matou o ladrão, mas, por ser considerado legítima defesa, ele não respondeu pelo crime.

Outro lado

A reportagem do UOL procurou o advogado de Oliveira, Claudio Alberto Alves, mas não conseguiu falar com ele. Também foram feitas ligações para o escritório dele, sem sucesso. Em nota enviada à imprensa, no entanto, ele informou que seu cliente está “abalado e chorando”. Ele também está preocupado com a mãe e tem perguntado sobre o estado de saúde de Fernanda.

A reportagem tentou contato com a família do acusado e falou com um cunhado de Oliveira, que se identificou como Márcio, mas ele não quis comentar o caso. Na semana passada, entretanto, o irmão da vítima, Amilton de Oliveira, afirmou, em entrevista à imprensa da região de Sorocaba, que a família está chocada com o que ocorreu. "Ele chora muito. Pediu para gente ver com a família dela tudo o que precisar, porque ele não é esse monstro que estão falando que ele é. É um trabalhador."