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Após tiroteio, PM reforça policiamento no Complexo do Alemão, no Rio

Stênio Ribeiro

Da Agência Brasil, no Rio

02/09/2014 19h02

A Polícia Militar do Rio de Janeiro reforçou o policiamento no Complexo do Alemão nesta terça-feira (2) a fim de conter a movimentação de traficantes de drogas na região, principalmente nas áreas atendidas pelas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) Fazendinha, Nova Brasília e Alemão. De acordo com o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora coronel Frederico Caldas, 300 policiais reforçam o contingente no conjunto de favelas.

Na noite de segunda-feira (1º) um policial foi ferido quando patrulhava a área, e no início da tarde desta terça-feira (2), mais um PM foi atingido durante um tiroteio. Desde que a Secretaria de Estado de Segurança iniciou o processo de instalação das UPPs, há seis anos,15 PMs já foram mortos em confronto com criminosos na cidade.  

Além do reforço, a UPP conta com apoio do Bope (Batalhão de Operações Especiais). O serviço de inteligência da corporação tem mapeado as áreas nas quais ocorrem enfrentamentos entre policias e criminosos com mais frequência. Em razão da tensão no local, o serviço de teleférico que atende à comunidade foi suspenso, por medida de segurança, e não tem previsão de quando voltará a funcionar.

"Das 38 UPPs instaladas, a do Complexo do Alemão é a que mais preocupa. Desde março nós iniciamos uma série de operações diárias, principalmente nas localidades da Nova Brasília, Fazendinha e na própria UPP do Alemão. É uma área difícil, muito grande. São 56 entradas e saídas, com regiões de mata também, e o que está sendo feito é exatamente esse trabalho diário para tentar minimizar cada vez mais esses confrontos. Mas ainda é evidente a presença de marginais", afirmou Caldas.

Segundo o comandante, a polícia fez uma operação de asfixia em torno da área e observou que houve mudança na atuação dos criminosos, que chegaram a migrar para a região do Parque Proletário, na Penha. Para Caldas, "é um grande desafio, mas a gente tem certeza que essa ação será capaz de minimizar a ação dos criminosos. O ideal é que não tivéssemos esses confrontos, por isso também é importante o trabalho de investigação, de identificação e prisão dos marginais. Então, estamos compartilhando as informações com a Polícia Civil para identificação dos marginais". Ele acrescentou que a dificuldade da polícia não é só por causa do tamanho da área, mas também pela grande população do complexo e, especialmente, pela utilização de menores.

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, reconhece o grau de dificuldade dos policiais no Complexo do Alemão, "que tem problemas, assim como tínhamos e ainda temos alguns problemas também na Rocinha, mas são locais muito grandes, com desordem urbana, nos quais a arquitetura dessas áreas facilita o esconderijo e, infelizmente, fazem nosso policial de alvo fácil, mas a gente está muito atento. No Complexo do Alemão reforçamos o policiamento, e o Bope também tem permanecido em certas áreas estratégicas e nós não vamos desistir, porque entendemos que qualquer passo que se dê para trás, vai ter uma consequência muito grande", disse.

Beltrame disse ainda que a polícia vai permanecer no Alemão e que vai procurar arrumar melhor a colocação do policiamento. "A polícia hoje é maioria lá, vamos permanecer lá. É conversando com a população aos poucos, procurando se inteirar com a comunidade, que se vai mudar essa cultura de que, infelizmente, algumas pessoas, principalmente menores de idade, são usadas para tentar banalizar esse processo, mas nós não vamos desistir, porque entendemos que sem virar a página dessas comunidades que foram usadas por traficantes durante muito tempo, a gente não melhora a situação da segurança no Rio de Janeiro", explicou.