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Justiça decreta prisão de 5 suspeitos por sumiço de grávida no Rio

Jandyra é mãe de duas filhas, sendo uma de 12 e outra de nove anos - Reprodução/Facebook
Jandyra é mãe de duas filhas, sendo uma de 12 e outra de nove anos Imagem: Reprodução/Facebook

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

12/09/2014 18h30

O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) informou nesta sexta-feira (12) que o Plantão Judiciário decretou a prisão preventiva de cinco pessoas por suposto envolvimento com o desaparecimento da auxiliar-administrativa Jandyra Magdalena dos Santos Cruz, 27, e com a clínica de abortos em que a vítima esteve antes de sumir, localizada em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense.

Jandyra está desaparecida desde o dia 26 de agosto. A jovem, grávida de quatro meses, marcou um encontro nos arredores da rodoviária de Campo Grande com uma mulher que se apresentou como médica. O ex-marido, última pessoa a vê-la, a levou até o local. A suposta médica chegou em um carro branco, onde estavam outras duas grávidas, com o objetivo de levar o trio até a clínica clandestina. Desde então, a auxiliar-administrativa não foi mais vista. As outras duas testemunhas ainda não foram localizadas.

Pelo aborto, a vítima teria pago R$ 4.500, de acordo com a polícia. Parentes relataram que ela trabalhava em uma concessionária no Recreio dos Bandeirantes, também na zona oeste da cidade, e tinha receio de perder o emprego por conta da gravidez. Jandyra é mãe de duas filhas, sendo uma de 12 e outra de nove anos.

Os mandados de prisão preventiva foram expedidos em nome de Rosemere Aparecida Ferreira, de Mônica Gomes Teixeira e de Marcelo Eduardo Medeiros, que já estão presos, além de Carlos Augusto Graça de Oliveira e de Vanuza Vais Baldacine, que são considerados foragidos. A polícia também prendeu o policial civil Edilson dos Santos, apontado como segurança do grupo. Não há ordem de prisão contra ele.

Para a Justiça, o inquérito da 35ª (Campo Grande) reúne elementos que provam que os suspeitos fazem parte de uma "quadrilha especializada em explorar clínicas clandestinas de aborto, sob a indiciária liderança de Rosemere Aparecida Ferreira". A suspeita, também conhecida como Rose, foi presa ontem (11) em Angra dos Reis, na região sul do Estado.

Ela atuava como enfermeira, era responsável pelo agendamento de consultas e é considerada pela polícia peça-chave na investigação sobre o sumiço de Jandyra. O advogado de Rosemere, André do Espírito Santo, informou que aguarda a conclusão das diligências para ter acesso aos autos. Em uma primeira conversa com Rosemere, afirmou ele, a enfermeira negou qualquer envolvimento com o desaparecimento de Jandira. "Ela negou tudo e disse que desconhece os fatos acerca do desaparecimento. Ela não tem nada a ver com o desaparecimento dessa jovem", afirmou o advogado.

Questionado sobre o suposto protagonismo de Rosemere no funcionamento da clínica clandestina, Espírito Santo argumentou que, nesse momento, a estratégia da defesa da suspeita é aguardar a conclusão do inquérito policial. Além do caso de Jandyra, a enfermeira é ré em outro processo que tramita na 4ª Vara Criminal do TJ-RJ, também pelo crime de aborto.

Policiais envolvidos

O Ministério Público informou que dois policiais civis estão supostamente envolvidos com quadrilha especializada em abortos. Além de Edilson dos Santos, que já está preso, há a policial Sheila da Silva Pires, que foi processada pelo mesmo tipo de crime no ano passado.

Sheila chegou a ser presa, em junho de 2013, mas foi liberada por decisão judicial no mês seguinte. Ela responde ao processo em liberdade. A Polícia Civil informou que os dois policiais respondem processos administrativos.

Na última sexta-feira (5), uma mulher chegou a passar por uma sessão de reconhecimento na delegacia de Campo Grande, após ser apontada como motorista do carro que levou Jandyra até a clínica. Porém, o ex-marido da grávida, não reconheceu Débora Dias, 20, como a mulher que conduziu o carro.

Débora já foi denunciada pelo Ministério Público em dois processos. Ela também é acusada de fazer parte da quadrilha especializada na prática de abortos. Em um deles, os promotores afirmam que a função de Débora era conseguir pacientes e levá-las até o carro que as conduziria à clínica clandestina.

Débora ficou presa durante cinco dias em março do ano passado e saiu da cadeia graças a uma decisão judicial, que não considerou necessária a decretação de prisão preventiva.

Corpo carbonizado

Um corpo carbonizado foi encontrado em Guaratiba, na zona oeste da cidade, e um exame de DNA deve apontar se é ou não de Jandyra.

Segundo a polícia, o laudo do exame deve ficar ponto em até 30 dias. O cadáver foi encontrado há uma semana por policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil. (Com BandNews)