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Dois PMs acusados de participar de esquema de propina são presos no Rio

Cristina Indio do Brasil

Da Agência Brasil, no Rio

29/09/2014 23h02

Dois policiais militares foram presos no Rio de Janeiro na tarde desta segunda-feira (29) em mais um desdobramento da Operação Amigos S.A, que apontou a participação de PMs em um esquema de cobrança de propina na área do 14º BPM (Bangu). Os dois detidos foram o capitão Diego Soares Peixoto, lotado no 3º Batalhão (Méier, zona norte da cidade), e o sargento Romildo Rodrigues Silva, que trabalhava no Comando de Operações Especiais (COE).

As prisões foram realizadas por agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MP-RJ). A Operação Amigos S.A apontou que os policiais recebiam pagamentos de mototaxistas, empresas - principalmente transportadoras de pessoas e cargas - instituições financeiras e ambulantes no bairro de Bangu, na zona oeste, e arredores.

De acordo com a Seseg, o envolvimento dos dois foi indicado no depoimento de um outro policial militar, e "foi fundamental para confirmar as investigações da Subsecretaria de Inteligência". Segundo a secretaria, o policial delator está em liberdade, beneficiado pelo instrumento da delação premiada. O MP-RJ afirma que os mandados de prisão preventiva dos dois policiais, que atuaram antes no 14° BPM, foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Bangu. Também foram cumpridos três mandados de busca e de apreensão.

Chefe do COE, da PM do Rio, coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro - Pablo Jacob/ Agencia O Globo - Pablo Jacob/ Agencia O Globo
Ex-comandante de Operações Especiais da PM, coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro (ao centro), foi preso no dia 15
Imagem: Pablo Jacob/ Agencia O Globo

O MP-RJ apontou na denúncia que o sargento Romildo fazia parte da ronda bancária e sua principal função era arrecadar semanalmente propinas de instituições bancárias de Bangu, que variavam de R$ 50 a R$ 360. A denúncia indicou ainda que, por ser primo do ex-comandante de Operações Especiais, coronel Alexandre Fontenelle, o sargento acompanhou o oficial nas unidades em que ele atuou - nos batalhões de Itaguaí, Irajá e Bangu - e no COE.

De acordo com o MP-RJ, o sargento mantinha relação de confiança com o coronel Fontenelle, a ponto de entregar a arma que o oficial usava aos policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), no momento da prisão do ex-comandante do COE, no dia 15, pela Operação Amigos S.A.

O capitão Diego comandava a 1ª Companhia do 14° BPM, responsável pela coordenação das equipes de policiamento ostensivo e ronda bancária. As investigações indicaram que o oficial arrecadava por semana no mínimo R$ 150 de cada equipe e repassava para o Estado-Maior do 14° BPM.

A Operação Amigos S.A. resultou na prisão de 24 policiais militares do 14° BPM, incluindo seis oficiais que integraram o Estado-Maior do batalhão. Também foi preso um mototaxista acusado de participar do esquema de arrecadação de propina.

Segundo o MP-RJ, os 27 denunciados responderão pelo crime de associação criminosa armada. A pena é de dois a seis anos de reclusão. Os policiais militares também poderão ser obrigados a pagar indenização por danos morais causados à imagem da corporação. Eles ainda serão responsabilizados pelos crimes de concussão (extorsão cometida por servidor público), que serão apurados pela Auditoria de Justiça Militar do Estado.