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Com 22 ataques em quatro dias, PM vê onda atual como mais violenta de SC

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

30/09/2014 13h01

O balanço da Polícia Militar (PM) de Santa Catarina divulgado na manhã desta terça-feira (30) aponta que os primeiros dias da terceira onda de violência no Estado foram mais graves que os da primeira, em novembro de 2012, com ataques mais letais e ousados, focados em postos ativos e durante o dia (antes, os ataques eram à noite e em locais isolados).

Desde as 23h de sexta-feira (26) até as 8h desta terça (30), --ou seja, em 80 horas-- 22 ataques contra policiais e ônibus, em 10 cidades, um morto e dois feridos graves foram registrados. Em 2012, no mesmo período de tempo, foram 22 ataques, em seis cidades, sem mortos ou feridos.

A segunda onda, em 2013, levou seis dias para envolver 19 cidades, três a menos do que agora, e a única vitima foi um homem confundido com um criminoso, morto por engano pela PM.

Na noite desta segunda-feira (29), quarta noite da nova onda de violência em Santa Catarina, um agente penitenciário aposentado foi assassinado e dezenas de novos ataques foram registrados. Esta foi a primeira morte registrada desde que as ações orquestradas pela facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) contra alvos policiais e transporte urbano começaram, na sexta (26).

Luiz Dalagnol levou dois tiros nas costas e um na cabeça quando estava na porta de casa, em Criciúma (220 km de Florianópolis). Segundo o delegado Vitor Bianco, que investiga o crime, não houve testemunhas.

Até agora são dez as cidades atingidas: Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Criciúma, Chapecó, Navegantes, Itapema, Guaramirim e Gaspar.

A PM (Polícia Militar) ainda informou que a casa de um sargento da corporação em Chapecó, no oeste catarinense, foi atingida por três tiros, perto da meia-noite de ontem. A mulher e o filho de seis anos do militar estavam no local, mas ninguém ficou ferido.

Na manhã de hoje, suspeitos atiraram no posto da PM na exclusiva praia de Jurerê Internacional, a Miami de Florianópolis, um bairro planejado que tem, além da segurança pública, uma polícia privada. Não houve feridos.

Além disso, cinco ônibus estacionados no pátio de uma escola em Tijucas, 50 km de Florianópolis, foram incendiados durante a madrugada desta terça (30). Além disso, mais cinco ônibus foram incendiados em outros pontos do Estado, sendo um em Florianópolis, perto da Base Aérea, um em Navegantes (111 km de Florianópolis) e um em Itapema (60 km da capital).

O sistema de transporte coletivo está tumultuado na Grande Florianópolis com as empresas descumprindo horários e suspendendo serviço sem aviso. Cerca de 400 mil usuários foram prejudicados.

Alegando falta de segurança, depois que um cobrador foi ferido durante um ataque, o sindicato dos motoristas de Florianópolis (Sintraturb) anunciou que os coletivos deixarão de circular entre 18h30 e 6h a partir desta terça (30). As autoridades tentam rever a decisão.

A Secretaria Estadual de Segurança admite que, como das vezes anteriores, a violência está sendo conduzida pelo PGC. O secretário César Grubba alega que “é uma resposta da bandidagem ao sucesso da polícia no combate ao crime”, mas o delegado Akira Sato, que comanda a repressão aos atentados, também trabalha com a hipótese de briga entre gangues rivais.

Para enfrentar a atual onda de violência, a "sala de situação" usada em 2012 e 2013, um centro de controle informatizado no QG da PM, foi reativada em Florianópolis. Ali militares e policiais civis monitoram e comandam a resposta às ações dos criminosas.

A organização parecia desmantelada desde que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de Santa Catarina, em 2013; Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes. Em maio, 83 pessoas foram condenadas pelos ataques a penas que, somadas, chegam a mil anos.

Segundo o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, as condições carcerárias "melhoraram muito" este ano. "Temos superlotação em algumas unidades, mas nada que justifique esta reação desproporcional da criminalidade.” 

O Ministério da Justiça colocou efetivos da Força Nacional à disposição do governo do Estado. Mas, segundo a assessoria da Secretaria de Segurança, o governo de Santa Catarina considera que a situação está sob controle e que, por ora, não é necessária a presença da tropa – composta por policiais e bombeiros de todos os Estados, que recebem treinamento especial. (Com Agência Brasil)