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Polícia de SC prende 14 e mata 2 em onda de violência que atinge 16 cidades

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianpópolis

01/10/2014 12h23

A polícia de Santa Catarina já prendeu 14 pessoas e matou 2 por suspeita de envolvimento em alguns dos 35 incidentes registrados na terceira onda de violência no Estado, iniciada na sexta (26). Já são 16 cidades afetadas pelo crime, segundo relatório da Polícia Militar desta quarta-feira (1), com 17 ônibus incendiados e cinco postos policiais atacados: Florianópolis, Joinville, Balneário Camboriú, Ituporanga, Governador Celso Ramos, Palhoça, Campos Novos, Biguaçu, São José, Itapema, Tijucas, Chapecó, Criciúma, Navegantes, Guaramirim e Gaspar.

O último incidente registado foi na terça-feira (30), em Joinville (190 km de Florianópolis), quando dois suspeitos foram baleados, segundo a PM, em troca de tiros com policiais. Um deles morreu, e o outro, ferido, está hospitalizado.

O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, César Grubba, disse hoje que “a onda de ataques atual é mais grave do que as anteriores (de 2012 e 2013) porque os criminosos estão mais audaciosos, mais dispostos a desafiar a polícia nas ruas”. Gruba admitiu que a volta da violência organizada surpreendeu a polícia, mas descartou usar reforços da Força Nacional de Segurança, como em 2013.

"A Secretaria de Justiça e Cidadania nos ligou uma hora antes do primeiro ataque (dia 26) perguntando se havia alguma atividade (de criminosos), mas nossos setores de inteligência não detectaram nada, foi uma surpresa total”, disse. "O Governo Federal nos ofereceu, mas desta vez não achamos necessário, vai dar para controlar a situação.”

Segundo ele, os líderes da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), responsável pelos ataques, já foram identificados nas penitenciárias e serão transferidos para o sistema federal, fora do Estado.

O secretário afirmou ainda que uma carta supostamente atribuída ao PGC, divulgada na terça-feira (30), “não merece crédito”. Nela, os criminosos teriam anunciado os ataques e mencionado supostos maus tratos aos líderes presos --motivo que teria desencadeado as ondas de violência anteriores.

Para Grubba, “os criminosos estão reagindo porque a polícia está atingindo o narcotráfico e fez quase 200 prisões no ano”.

Na Grande Florianópolis, o dia amanheceu calmo e ensolarado, depois de 10 dias de chuva. Os ônibus recomeçaram a circular às 6h15, recolhendo passageiros em paradas e terminais lotados. Houve policiamento ostensivo, mas nenhum incidentes no sistema de transporte foi registrado.

Alegando falta de segurança, depois que um cobrador foi ferido durante um ataque, o sindicato dos motoristas de Florianópolis (Sintraturb) havia anunciado ontem que os coletivos deixariam de circular entre 18h30 e 6h.

O secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Vilmar Piacentini, vai se reunir com o Sintraturb às 14h desta quarta (1) com garantir que a PM dará segurança aos motoristas e evitar novas paralisações.

Ontem, o centro da capital ficou vazio depois das 18h. Milhares de pessoas precisaram sair procurando os últimos ônibus do dia. Na confusão geral, a greve nacional dos bancários e a dos lixeiros da capital passaram despercebidas.

Para enfrentar a atual onda de violência, a "sala de situação" usada em 2012 e 2013, um centro de controle informatizado no QG da PM, foi reativada em Florianópolis. Ali militares e policiais civis monitoram e comandam a resposta às ações dos criminosas.

A organização criminosa parecia desmantelada desde que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de Santa Catarina, em 2013. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes. Em maio, 83 pessoas foram condenadas pelos ataques a penas que, somadas, chegam a mil anos.