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Após 17h, rebelião em Maringá (PR) chega ao fim; presos serão transferidos

Jorge Olavo

Do UOL, em Curitiba

20/10/2014 11h23Atualizada em 20/10/2014 12h00

A rebelião na Penitenciária Estadual de Maringá, no noroeste do Paraná (a 424 km de Curitiba), chegou ao fim por volta das 10h30 desta segunda-feira (20).

Os dois agentes penitenciários que eram mantidos reféns desde as 17h30 de domingo foram liberados após a negociação com a Polícia Militar. Ao todo, 20 presos devem ser transferidos para outras unidades do Paraná.

De acordo com a Seju (Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos), oito serão levados para Londrina, oito para Piraquara e quatro para Foz do Iguaçu.

Os dois reféns foram liberados sem ferimentos e, conforme a secretaria, nenhum preso ficou ferido durante o motim. “Conversei com os dois agentes rapidamente e eles estavam muito cansados e abalados psicologicamente. Eles foram para casa, com familiares, e foram orientados para depois fazer alguns exames”, declarou o secretário-geral do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), José Roberto Neves, que acompanhou a revolta do lado de fora do presídio.

O motim começou quando os presos eram levados para suas celas após o período de visitas. Armados com estoques, eles surpreenderam os agentes e conseguiram aprisionar dois reféns.

Entre os agentes que conseguiram escapar, alguns foram machucados pelas armas improvisadas com ferro retirado das celas. A rebelião teria ficado concentrada em apenas uma galeria da unidade.

De acordo com Neves, há a informação de que algumas celas teriam sido destruídas e presos teriam tentado ir para o telhado da unidade, mas foram impedidos pela polícia. Um balanço sobre os estragos está sendo feito, segundo a secretaria.

As negociações com os policiais militares foram suspensas na noite de domingo e retomadas por volta das 8h de hoje. De acordo com o Sindarspen, esta foi a 22ª rebelião no sistema penitenciário paranaense desde dezembro de 2013.

Em agosto, cinco presos foram mortos durante uma revolta na Penitenciária Estadual de Cascavel. Na semana passada, a rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava durou quase 40 horas, período em que 12 agentes e um grupo de presos foram mantidos reféns.

Insatisfeitos com as condições de trabalho e com a insegurança dentro das unidades prisionais, os agentes penitenciários programam para as 9h da próxima quarta-feira (22) um protesto em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba.

“Está muito difícil trabalhar desta forma. É um alerta para a sociedade. Queremos mostrar as péssimas condições de trabalho que temos”, diz Neves.

Medidas

Para tentar prevenir e conter novas crises no sistema penitenciário do Paraná, o governador reeleito Beto Richa (PSDB) determinou, na sexta-feira (17), que a Seju e a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) adotem algumas medidas imediatas.

Entre elas está o encaminhamento ao Ministério Público das investigações policiais e administrativas sobre as últimas rebeliões ocorridas no Estado, a revisão e adoção de novos padrões de segurança no interior das unidades prisionais, a criação de um protocolo de gestão de crises e a elaboração de um projeto de lei que responsabilize empresas de telefonia para impedir o sinal de celulares no interior dos presídios.