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"Foram mais de 30 tiros", diz padrasto de jovem morto em Belém

Antônio Marcos da Silva Figueiredo, assassinado em Belém na terça-feira (4) - Divulgação
Antônio Marcos da Silva Figueiredo, assassinado em Belém na terça-feira (4) Imagem: Divulgação

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

06/11/2014 15h24

O padrasto de uma das nove vítimas de assassinatos em série ocorridos em Belém, no Pará, disse que se espantou com a violência que assombrou a capital após a morte do cabo da PM (Polícia Militar) Antônio Marcos da Silva Figueiredo, 43, na noite de terça-feira (4), no bairro Guamá.

Segundo Walmir Fonseca, o filho adotivo Alex dos Santos Viana, 20, foi atingido por mais de 30 tiros. “Dez para meia-noite de terça recebemos a notícia da morte dele. Me espantei com os disparos balísticos. Foram pra mais de 30 tiros. Os meliantes que fizeram isso passaram de moto, eram duas motos”, disse Fonseca em entrevista à TV Liberal, logo após fazer o reconhecimento do corpo do rapaz no IML (Instituto Médico Legal) de Belém. Viana foi assassinado no bairro Sideral.

A jovem Leonice Viana, namorada de Eduardo Glaucio Chaves, 16, que presenciou o crime, contou como foi o momento da abordagem dos assassinos do rapaz.

"A gente foi à casa da avó dele, e fomos abordados por gente encapuzada. Mandaram eu soltar a mão dele e ir embora. Eu comecei a agarrar ele, segurar, mas me puxaram pelo braço. Foi na hora que aconteceu, que mataram ele", disse a jovem, bastante emocionada em entrevista à TV Liberal.

Poucos parentes das vítimas quiseram conversar com a imprensa por conta do medo de represálias.

Logo após a morte do policial, equipes da PM iniciaram diligências na região do Guamá em busca dos suspeitos do assassinato.

Em entrevista ao Jornal da Band, o sargento da PM Rossikley Silva disse que a polícia tinha suspeitos. “Estamos indo pra lá no intuito de fazer o levantamento e poder ir atrás desses elementos que vitimaram nosso companheiro. Isso não vai ficar assim. Vamos dar uma resposta”, afirmou.

Apesar de a polícia negar que ouve mortos durante a procura pelos assassinos de Figueiredo, moradores de Belém suspeitam da participação de policiais nas mortes.

“Matar o que matou não mata porque eles já estão longe. Estão pegando quem tá na rua e matando inocentes”, disse o morador do Guamá, André da Silva Ribeiro, em entrevista ao Jornal da Band.

Nove pessoas são assassinadas em Belém após morte de PM

Investigações

A polícia apura se as nove mortes estão ligadas ao assassinato do PM Figueiredo. O secretario de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes Rocha, afirmou que pelo menos seis assassinatos dos nove registrados após a morte do policial estão com características semelhares a execuções.

“O que aconteceu não foi um crime comum, foi uma afronta ao Estado Democrático de Direito”, disse o secretário.

A secretaria informou que um grupo formado por oito delegados – incluindo policiais da Divisão de Homicídios, investigadores e escrivães – é responsável pela investigação dos dez assassinatos ocorridos em Belém.

O caso também está sendo acompanhado pela corregedoria da PM. Segundo o coronel Vicente Braga, “até agora não há nenhum dado concreto da participação de PMs nos assassinatos”, mas que se for comprovado, os envolvidos serão punidos “no rigor da lei”.