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Manutenção no sistema de água no RJ pode deixar 9 milhões sem abastecimento

Do UOL, no Rio

18/11/2014 06h00

A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) vai interromper o funcionamento da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Guandu na quarta-feira (19) com o objetivo de realizar uma manutenção preventiva no principal sistema de fornecimento de água do Rio de Janeiro. Com isso, cerca de 9 milhões de pessoas hoje atendidas pelo Guandu devem ficar sem abastecimento. A Cedae informou que o trabalho de manutenção deve durar, no mínimo, 24 horas.

Além da capital, os municípios da Baixada Fluminense serão afetados. Procurada, a Cedae não soube informar com precisão quais cidades da Baixada Fluminense são abastecidas pelo Guandu. De acordo com o Censo 2010, constituem a região os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Magé, Mesquita, Nilópolis, Queimados, Japeri, Guapimirim e Paracambi. Juntos, representam um contingente populacional de mais de três milhões de pessoas.

Ao fim da manutenção, o sistema será religado e a normalização do serviço deve ocorrer de forma gradual, segundo a previsão da Cedae. Em algumas áreas, principalmente regiões mais altas, o restabelecimento poderá levar até três dias. A companhia preparou um esquema especial para atender hospitais e outros órgãos de atendimento essencial, com carros-pipa no período em que a estação estiver inoperante.

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Na versão da companhia, a manutenção já vinha sendo planejada há meses e tem o objetivo de preparar as principais estações do sistema do Guandu para o verão, quando o consumo de água aumenta. Segundo a empresa, não há uma relação direta com a seca que atinge a região Sudeste e que levou o rio Paraíba do Sul --principal fonte de captação de água do Guandu-- ao seu menor nível histórico (5%).

A partir de quarta, pelo menos 3.000 funcionários da Cedae estarão mobilizados em diversos pontos da região metropolitana. Os técnicos farão uma vistoria nos reservatórios e canais de água filtrada da estação de tratamento e nas adutoras e elevatórias que compõem o sistema. De acordo com a empresa, construída em 1955, a ETA do Guandu é a maior estação do Estado do Rio em volume de água tratada (43 mil litros por segundo).

Inicialmente, o trabalho de manutenção estava marcado para começar na manhã desta terça-feira (18). No entanto, a Cedae optou pelo adiamento de 24 horas para que, paralelamente, possa fazer a interligação da primeira etapa da nova adutora que vai melhorar o abastecimento na zona oeste do Rio (Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes). Se fosse realizado mais adiante, este serviço exigiria uma nova paralisação durante o verão.

Paraíba do Sul em situação crítica

O nível do reservatório equivalente (que representa a média dos níveis das diferentes represas) do rio Paraíba do Sul chegou na última quarta-feira (12) a 5%, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas) --em novembro do ano passado, este número beirava os 50%. Na quinta-feira (13), a prefeitura de São João da Barra, no norte fluminense, decretou situação de emergência por causa da estiagem e da seca.

O rio está bem abaixo do normal, o que favorece o avanço do mar e salinização da água na região. Com isso, o abastecimento local foi interrompido diversas vezes. Principal fonte de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro e da região metropolitana, a água do Paraíba do Sul abastece, no total, cerca de 9,5 milhões de pessoas no Estado.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou acreditar em um "consenso com bom senso" para resolver a crise hídrica. Ele citou a audiência de conciliação sobre o abastecimento do Sistema Cantareira, marcada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux para o fim desse mês, como um caminho para se chegar a um acordo entre Rio, São Paulo e Minas Gerais acerca da captação de águas do Rio Paraíba do Sul, que banha os três Estados.

A ação era do Ministério Público Federal, que argumentou que as manobras oferecem riscos ao meio ambiente e à vida da população dos três Estados. Para o MP, as intervenções devem ser precedidas de estudos de impacto ambiental do Ibama e consulta pública à sociedade e é preciso decretar "calamidade hídrica" no Rio.

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