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Rio tem ao menos 57 PMs assassinados em 2014; 16 morreram em confronto

O PM Ryan Procópio, 23, foi encontrado morto e com sinais de tortura dentro de um carro abandonado nos arredores da avenida Brasil, na altura de Bangu, na zona oeste - Pedro Teixeira / Agência O Globo
O PM Ryan Procópio, 23, foi encontrado morto e com sinais de tortura dentro de um carro abandonado nos arredores da avenida Brasil, na altura de Bangu, na zona oeste Imagem: Pedro Teixeira / Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

26/11/2014 10h12

Pelo menos 57 policiais militares foram assassinados no Rio de Janeiro no período entre janeiro e novembro deste ano, segundo estatísticas da corporação. O último caso ocorreu na madrugada desta quarta-feira (26), quando Anderson de Senna Freire, lotado no batalhão de Irajá (41º BPM), bairro da zona norte da capital fluminense, foi baleado na cabeça em um confronto com criminosos. Ele chegou a ser levado para um hospital da região, mas não resistiu.

Essa foi a segunda morte de um PM nesta semana. No fim da noite de segunda-feira (24), o soldado Ryan Procópio, 23, foi torturado e morto na favela Vila Aliança, em Bangu, na zona oeste da cidade, após ser sequestrado por traficantes de drogas. O corpo foi encontrado no porta-malas do carro da vítima. Além dos sinais de tortura, houve disparos de fuzil e pistola contra o policial. As mortes de Freire e de Procópio estão sendo investigadas pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil.

Os dados mostram que a maioria dos PMs que morreram em 2014 teve o homicídio como causa mortis. No geral, foram 102 policiais mortos neste ano, sendo que pouco mais da metade foram assassinados. Desses, 41 estavam de folga e morreram por conta da atividade policial --eles foram reconhecidos por criminosos ou reagiram a assaltos, por exemplo. Já 16 morreram em confronto.

O mês de fevereiro foi o que teve o maior número de PMs assassinados em 2014, até o momento, com seis óbitos registrados. Com uma morte a menos, os meses de junho e agosto também se destacam na análise. No mês de janeiro, por sua vez, apenas um homicídio foi registrado contra um membro da corporação.

Desde o início do ano, a segurança pública fluminense está em crise por conta dos sucessivos atentados criminosos ocorridos no Estado, principalmente nas grandes favelas da capital fluminense que contam com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

No Complexo do Alemão, por exemplo, os tiroteios são constantes em comunidades como Nova Brasília e Parque Proletário --esta última foi marcada pela morte do subcomandante da unidade, tenente Leidson Acácio Alves, 27, baleado na cabeça em março.

No último dia 10, um jornalista do portal "G1" foi feito refém e agredido por criminosos do complexo enquanto fazia uma reportagem em um antigo galpão industrial invadido por famílias sem-teto, na avenida Itaoca, em Bonsucesso. Ao ser confundido com um policial à paisana, ele foi agredido com socos e coronhadas, além de ter tido o seu celular e o relógio roubados.

Na Rocinha, também são frequentes os relatos de confrontos armados. Alheios à presença da PM, criminosos de duas facções rivais disputam o controle das bocas de fumo da Rocinha. Na última sexta-feira (21), uma equipe de "O Globo" foi recebida a tiros quando chegava à favela com o objetivo de fazer uma reportagem sobre obras públicas, segundo relato do jornal. Repórter e fotógrafo não foram atingidos e tiveram que buscar abrigo em uma loja. Passados cinco minutos de tiroteio, um homem bateu na porta do estabelecimento ordenando que os jornalistas deixassem a comunidade.

Os dados da Polícia Militar não permitem uma comparação com o ano de 2013 porque, entre os 111 PMs que estavam de folga e morreram no ano passado, não foram diferenciados os assassinatos de outras circunstâncias diversas. Já em relação a confrontos em serviço, 14 policiais morreram no período entre janeiro e dezembro de 2013.

Segundo a Polícia Militar, a maioria dos homicídios ocorre por ação de criminosos, principalmente quando o PM em questão está à paisana e armado. Também há casos como acerto de contas e brigas em geral, policiais mortos enquanto faziam bico como seguranças, entre outras situações.

Torturado e morto

O soldado da PM Ryan Procópio, 23, encontrado morto e com sinais de tortura na segunda-feira (24), chegou a ligar para um amigo e pedir ajuda antes de ser capturado por traficantes da favela Vila Aliança. Ele estava na corporação desde junho de 2013 e estava lotado na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy.

PM Ryan 2 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O PM Ryan Procópio estava lotado na UPP da Vila Kennedy, favela da zona oeste do Rio
Imagem: Reprodução/Facebook

Ryan trafegava em seu automóvel particular, à paisana, pela estrada do Taquaral, em Bangu, por volta de 22h, quando foi surpreendido por criminosos armados e levado para o interior da comunidade da Vila Aliança. O contato com o amigo foi feito assim que Ryan percebeu que seria interceptado pelos traficantes, segundo informações do setor de inteligência da CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora). Esse amigo entrou em contato com a PM e informou sobre a captura do soldado.

Após a execução, o corpo do policial foi abandonado pelos criminosos dentro do porta-malas do carro da vítima. Além dos sinais de tortura, houve disparos de fuzil e pistola contra a vítima.