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Nível de reservatórios de rio alvo de disputa entre RJ, SP e MG cai a 3,5%

As águas do Paraíba vêm baixando progressivamente desde o início da estiagem - Mauro Pimentel/UOL
As águas do Paraíba vêm baixando progressivamente desde o início da estiagem Imagem: Mauro Pimentel/UOL

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

27/11/2014 17h17

Na mesma quinta-feira (27) em que os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais assinaram um acordo no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a retirada de água da bacia do rio Paraíba do Sul, o nível médio dos reservatórios do rio chegou ao número mais baixo já registrado nesta época do ano: 3,5%. Em novembro do ano passado, o nível médio era de cerca de 50%.

As águas do Paraíba vêm baixando progressivamente desde o início da estiagem. Caso não volte a chover com regularidade, a estimativa de especialistas ouvidos pelo UOL é que a queda se mantenha e o Paraíba do Sul chegue ao final de dezembro com 1,9% de sua capacidade.

O acordo firmado pelos governadores permite a São Paulo iniciar o processo de contratação das obras para a transposição do rio Jaguari. No início da crise hídrica deste ano, o governo de São Paulo anunciou que faria uma obra para transpor água do rio Jaguari para as represas do sistema Cantareira, que nesta quinta-feira (27) opera com 9,1% de sua capacidade. Rio e Minas reclamaram da decisão porque a água do Jaguari está em São Paulo, mas abastece o Paraíba do Sul, usado pelos três Estados.

Para o diretor-executivo do Comitê-Guandu, Júlio César Antunes, que fez a estimativa de 1,9% com base em 31 de dezembro de 1963, menor volume do rio já registrado para dezembro até então, a situação é preocupante e as chuvas deste verão não serão suficientes para recompor a capacidade total do rio. “Já estamos começando a avaliar se teremos de usar o volume morto do rio”, afirma.

O nível dos reservatórios da bacia do Rio Paraíba do Sul, explica Antunes, é monitorado semanalmente em reuniões do Grupo de Acompanhamento de Operações Hidráulicas, composto por integrantes da ANA, do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Agevap). O grupo irá se encontrar novamente nesta sexta-feira (28) para analisar a situação.

“Se permanecer e não confirmar nenhuma situação de chuva, você vai ter que fazer rodizio de tipo de usuário”, afirma Antunes, ao citar um possível rodízio nos tipos de uso da água para manter o abastecimento regular no Rio de Janeiro. O Paraíba do Sul é a principal fonte de abastecimento da cidade e da região metropolitana, atendendo a cerca de 9,5 milhões de pessoas no Estado. “A indústria vai usar num período, a agricultura em outro. Vai ter que ser feito com um rodizio.”

No começo de novembro, o secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Francisco Portinho, enviou um ofício à ANA pedindo que seja informado qual seria o volume morto dos reservatórios do Paraíba do Sul, número até então não calculado. O volume morto ou reserva técnica fica abaixo do volume útil, que é aquele utilizado para a geração de energia elétrica, e pode ser usado para manter o abastecimento de água à população por algum tempo.