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IML troca corpos e faz família enterrar vítima errada em Minas Gerais

Renata Tavares

Do UOL, em Uberlândia

28/11/2014 12h19

O IML (Instituto Médico Legal) de Araguari (a 572 km de Belo Horizonte) trocou os corpos de duas vítimas de assassinato na semana passada. Um deles era o corpo do advogado Victor Delson Martins Costa, 46, que foi reconhecido um dia após o crime, registrado no dia 20 deste mês. O outro ainda aguardava identificação.

O corpo de Costa, que deveria ter sido enterrado no dia 22 de novembro em Uberlândia, cidade onde morava, ficou no IML. O do homem não reconhecido foi sepultado no lugar dele.

A confusão foi notada no mesmo dia em que o corpo foi liberado pelo delegado Luciano Alves dos Santos, que investiga as mortes. “Nós percebemos que o corpo com as características que fizeram com que Victor fosse identificado pela família ainda estava no IML e logo pedimos à Justiça para que fosse feita a troca”, disse o delegado.

A Justiça autorizou a troca na tarde de quarta-feira (26), o que ocorreu na tarde de ontem. O delegado afirmou que o erro pode ter ocorrido devido ao estado em que os corpos estavam. “Os dois foram assassinados com golpes e pedradas na cabeça. Estavam totalmente desfigurados. Isso dificultou um pouco.”

A segunda vítima pode ser reconhecida ainda nesta sexta-feira (28), segundo o delegado. “Temos uma família que está vindo de uma cidade de Goiás para tentar identificá-lo.”

A família de Victor Martins não foi encontrada para comentar a confusão.

Para tentar identificar o funcionário responsável pela troca, foi instaurada uma sindicância interna. “Ela deve ficar pronta em 30 dias. Vamos convidar os funcionários a prestarem depoimento”, disse o delegado regional de Araguari César Augusto Monteiro Alves Júnior. O delegado não falou sobre possíveis punições.

O crime

Os dois corpos foram encontrados às margens da rodovia BR-050, entre Uberlândia e Araguari, no Triângulo Mineiro, no dia 20. Segundo o delegado Luciano Alves, momentos antes de serem assassinados, os dois estavam próximos à rodoviária de Uberlândia, quando foram abordados por quatro homens, entre eles um menor de idade.

Em seguida, foram levados até a rodovia, onde foram assassinados. Os suspeitos de terem matado o advogado foram presos no mesmo dia e disseram que queriam roubar o carro, o dinheiro e os telefones celulares das duas vítimas. Os suspeitos fugiram no carro do advogado e foram encontrados ainda na rodovia.

O advogado de 46 anos era funcionário do Procon de Uberlândia. Segundo o superintendente Frank Resende, ele era um dos melhores profissionais do órgão. “Era o mais completo e técnico. A notícia da morte dele nos pegou de surpresa. Imagino que a família deva estar passando por um período difícil com o assassinato e essa troca [dos corpos]."