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"Não podemos agir com sangue nos olhos", diz Beltrame sobre morte de PMs

Do UOL, no Rio

01/12/2014 14h46Atualizada em 01/12/2014 18h47

O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta segunda-feira (1º) que, apesar da comoção por conta das recentes mortes de PMs no Rio, a reação deve ocorrer com base na lei. "Sou policial, perdi colegas trabalhando, e também fiquei triste, mas nós não podemos agir com sangue nos olhos, de maneira atabalhoada", declarou, durante entrevista à GloboNews.

Por conta da repercussão dos assassinatos de policiais militares, Beltrame passou o dia concedendo entrevistas sobre o assunto. Pela manhã, ele afimou que as mortes estão relacionadas com o "espírito" e o "ímpeto" policial de reagir a tentativas de assalto. "O que vem acontecendo é que policiais que são abordados em tentativas de assalto têm o espírito e o ímpeto de reagir. Muitas vezes ele vem a óbito", disse ele à rádio "CBN", antes de entrar em uma reunião com as cúpulas da PM e da Polícia Civil para traçar ações em resposta aos assassinatos.

Após a reunião, o secretário de Segurança não quis revelar quais serão as ações de resposta para as mortes de três policiais militares na noite do último sábado (29). Em uma semana, cinco policiais foram mortos, além do assassinato do cabo do Exército Michel Mikami, durante patrulhamento no Complexo da Maré, na zona norte do Rio.

"É um assunto totalmente estratégico, uma discussão da inteligência policial, algumas ações que precisamos conferir, confirmar, alguns levantamentos que precisam ser feitos tanto por parte da Polícia Civil quanto pela PM, então acho que é melhor para todo mundo não comentarmos isso e deixar que as coisas aconteçam", disse Beltrame ao sair da reunião com o comandante-geral interino da PM, coronel Ibis Pereira, e o chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Veloso. "Não há ligação nenhuma, comandamento nenhum seja de que presídio for, ou facção que for, com relação às mortes dos policiais. Não há nenhum organismo de inteligência que tenha essa informação ou tenha nos repassado qualquer coisa nesse sentido".

Durante a entrevista à GloboNews, no início da noite, ele afirmou que a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Maré não será feita até o fim deste ano, como previsto anteriormente. "Antes, precisamos finalizar um estudo sobre as UPPs, mas o projeto não para", afirmou.

Onda de assassinatos

Segundo informações da Polícia Militar, no sábado (29), o subtenente Jorge da Costa Serrão, lotado no 21º BPM (São João de Meriti), foi baleado durante tentativa de assalto em Rocha Miranda, perto de casa, na zona norte do Rio. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Já o soldado Diego Santos de Oliveira, lotado na UPP do Turano, na Tijuca, na zona norte da cidade, e seu irmão foram baleados durante tentativa de assalto na estrada Santiago, nas proximidades do morro das Pedrinhas, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Os dois morreram no local.

Também na noite de sábado, o subtenente Jorge Henrique dos Reis Xavier, lotado no 16º BPM (Olaria), morreu após ser baleado nas imediações de sua casa, na Rua São Nicolau, no centro de Suruí, em Magé, na Baixada Fluminense.

Na sexta-feira (28), o cabo do Exército Michel Mikami, 21, que fazia parte da tropa responsável pela manutenção da ocupação das favelas do Complexo da Maré, foi atingido por uma bala na cabeça durante confronto com criminosos. O militar chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento da região, mas não resistiu ao ferimento.

O governador Luiz Fernando Pezão, por sua vez, afirmou que a polícia está perto de conseguir prender os assassinos. "Já estamos perto de prender os assassinos. Quero que a sociedade saiba que, da minha parte, cada policial morto representa o aumento do efetivo policial nas ruas. A polícia não vai sair das ruas", disse. "Nada nos fará recuar."

Na segunda-feira (24), o soldado Ryan Procópio, 23, lotado na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, favela da zona oeste do Rio, foi encontrado morto com sinais de tortura. Na terça (25), o soldado Anderson de Senna Freire, 34, morreu após ser baleado na cabeça durante patrulhamento na avenida Brasil. No ataque, outro PM ficou ferido. (Com Estadão Conteúdo)