O que você mais deseja que melhore em sua vida?
Em 2014, entrou no ar o Esperançômetro, uma enquete do UOL sobre os problemas do país. Nela, o internauta aponta o pior problema da unidade federativa em que vive a partir da seguinte questão: Hoje, o que você mais deseja que melhore em sua vida e que não depende só de você? A avaliação tem mostrado que a segurança pública é o tema no qual o brasileiro mais deseja mudança. Ele ficou no topo das preocupações dos internautas em todos os meses.
Em abril, mês de abertura da enquete, a segurança pública estava em primeiro lugar, com 42% dos votos. Subiu para 46% em junho, caiu para 36% em agosto e chegou a 40% em novembro.
Sempre houve larga vantagem sobre o segundo tema mais votado, o atendimento de saúde. Mesmo nos meses com votação mais baixa, a segurança pública ficou bem à frente. A saúde recebeu 14% dos votos em abril, 15% em junho, 23% em agosto e 24% em novembro.
Na maioria dos Estados, a preocupação com a segurança também esteve no topo durante o ano. Em junho, ela atingiu picos de 85% na Paraíba, de 81% no Pará e de 79% no Piauí.
Homicídios em alta
O resultado da enquete não espanta o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e responsável pelo estudo Mapa da Violência. “De modo algum é uma surpresa. [A segurança pública] é um problema antigo”.
No Mapa da Violência divulgado em 2014, os dados mais recentes mostram que 56.337 pessoas foram assassinadas no país em 2012. Trata-se de uma marca recorde no país. Representa uma elevação de 24% em relação aos 45.360 homicídios registrados em 2000 e uma alta de 305% na comparação com os 13.810 casos de 1980.
As maiores vítimas da violência, diz Jacobo, são jovens negros, moradores de periferias que não conseguem se inserir no mercado de trabalho e avançar no sistema educacional. “É um exército de reserva que nunca vai ser chamado para jogar. A sociedade não tem mecanismos para absorvê-los. É um problema estrutural. Isso origina protestos, insatisfação e um caldo de cultura para a criminalidade”.
Causas da violência
Para o pesquisador, uma das causas da violência é cultural. “É mais forte a cultura, o crime cometido por motivo banal e por impulso, do que o crime cometido por drogas”.
Outras razões seriam a impunidade -- é baixo o índice de casos de homicídios elucidados pela polícia – e a “tolerância institucional”. “Se vê como natural que haja, por exemplo, violência contra a mulher. No próprio aparelho de segurança, aparecem grupos de justiceiros e milícias. As instituições que deveriam cumprir a lei são as primeiras a violá-la”.
Jacobo cita a lei Maria da Penha e o Estatuto do Desarmamento como avanços da legislação no país, mas diz que medidas como estas não são suficientes. Faltam, segundo o pesquisador, programas permanentes e eficazes de combate à violência. “Não é suficiente o que está sendo feito. A tendência é que continuar piorando.”
O sociólogo cita como exemplo de fragilização do combate à violência a redução na entrega de armas. Ele atribui ao Estatuto do Desarmamento e à campanha pela entrega de armas a redução dos homicídios no meio da década passada, sobretudo em 2004 e 2005. O enfraquecimento posterior da campanha, avalia Jacobo, deu espaço para o aumento da violência nos anos seguintes.
Outros temas
Em média, 8.600 pessoas votaram por mês no Esperançômetro de abril a novembro. Na sequência da classificação dos temas que o internauta deseja mudança, depois da segurança pública e do atendimento de saúde, aparecem, pela ordem: qualidade do ensino, custo de vida, salário, mercado de trabalho e moradia.
Em outro tópico da enquete do UOL, o internauta pode apontar o maior problema do país. No Ranking dos Problemas, a segurança pública também aparece à frente, com 34% dos votos. A corrupção aparece em segundo lugar, com 18%. A saúde vem em terceiro, com 15%; seguida pela Educação, com 10%; e por Transportes, com 4%.
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