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Na Justiça, "serial killer" de GO diz que matava por influência demoníaca

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

09/01/2015 16h40

Em audiência no primeiro processo relacionado à série de assassinatos cometidos em Goiás, o “serial killer” Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, afirmou que matava por uma influência demoníaca. Nesta sexta-feira (9), o juiz da 1ª Vara Criminal de Goiânia, Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, ouviu o acusado no processo pela morte de Rosirene Gualberto da Silva.

O inquérito deste crime foi concluído no dia 21 de novembro pela Polícia Civil. Rocha assumiu ainda a autoria de 39 assassinatos de mulheres, homossexuais e moradores de rua, que ocorreram entre 2011 e 2014.

No interrogatório, o acusado não conseguiu explicar o motivo dos crimes e disse que saía de casa apenas para descarregar sua arma. No dia do assassinato de Rosirene -- 19 de julho do ano passado--, ele disse que saiu de casa, parou em um bar e bebeu dez doses de pinga. Em seguida, voltou para casa onde teria ouvido uma voz dizendo para cometer os crimes. “Era uma voz demoníaca”, afirmou o acusado.

Ele relatou que saiu pela rua e encontrou Rosirene e a irmã Rocilda Gualberto da Silva na Avenida Anhanguera, Setor dos Funcionários, nas proximidades de uma casa de eventos. Tiago contou que parou sua motocicleta ao lado do veículo onde estavam as duas mulheres. Ele anunciou um assalto e pediu as chaves do carro, mas efetuou um disparo no peito de Rosirene, que morreu na hora.

Rocilda teve um ferimento leve no antebraço e reconheceu Rocha como o autor do crime. Laudo pericial apontou que a bala que atingiu a vítima saiu da arma encontrada na casa do “serial killer”, que confessou o crime.

Ele não soube explicar o que motivou o crime nem a escolha da vítima. Rocha, que ficou de cabeça baixa durante os 20 minutos de seu interrogatório, disse que era obrigado a cometer os assassinatos. “É um sentimento demoníaco. Não consegui procurar ajuda. Eu anunciei o assalto, atingi ela imediatamente, não sei dizer em qual lugar”.

O juiz ouviu testemunhas de defesa e acusação e aceitou pedido para que fosse realizado exame de sanidade mental e mandou oficiar a Junta Médica Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. A ação penal está suspensa até a conclusão do exame, que deve acontecer em 45 dias.

Preso no dia 14 de outubro, Rocha está detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional, em Aparecida de Goiânia. Laudos feitos pela Polícia Técnico-Científica comprovaram que 16 vítimas, incluindo Rosirene, foram mortas com projéteis disparados pela arma do acusado. Após a conclusão dos inquéritos policiais, ele responderá pelos demais crimes e pode ir a júri popular.