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Há dias sem água, condomínios da Barra, no Rio, recorrem a carros-pipa

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

13/01/2015 13h00

Moradores de prédios situados na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, sofrem há dias com interrupções no serviço de abastecimento de água da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos).

No Barramares, onde falta água desde a última sexta-feira (9), as cisternas chegaram à estaca zero ao fim da manhã desta terça-feira (13), de acordo com o supervisor do edifício, Álvaro Pereira.

Já o hotel-residência Barra Palace, vizinho ao Barramares, foi obrigado a cortar banho quente, piscina e sauna. "Eu chego no trabalho todo dia às 8 horas e a primeira pergunta que eu faço é: acabou a água? Normalizou ou não normalizou?", afirmou o gerente-geral do Barra Palace, Ernani Barbastefano Filho.

Ao UOL, a assessoria de comunicação da Cedae informou que há registros de problemas de abastecimento em áreas pontuais da zona oeste da cidade, mas que não chegam a afetar bairros inteiros.

Ainda segundo a empresa, algumas localidades da zona oeste, como a região de Vargem Grande, estão situadas no "fim da linha de abastecimento" --ou seja, são os últimos locais onde a água chega--, o que pode causar transtornos para moradores da região.

Só carro-pipa salva

Na noite de ontem (12), quem passou pela avenida Lúcio Costa pôde observar vários caminhões-pipa parados na entrada de prédios residenciais, hotéis-residência e até hotéis de luxo como o Windsor. A região é altamente valorizada, pois a via dá vista frontal para a praia da Barra.

Barbastefano afirmou que o aluguel de carros-pipa tem sido a única solução para enfrentar as falhas de abastecimento. Ele informou gastar, em média, R$ 1.200 por cada caminhão, com capacidade de 20 mil litros d'água.

"O caminhão-pipa não faz nem cócegas no sistema de armazenamento que a gente tem aqui, pois são 540 mil litros, no total, com duas cisternas de 150 mil litros e três caixas d'água que somam 80 mil litros. Mas, nesse caso, é a única forma de garantir uma sobrevida. Com o consumo que temos aqui, esgotaríamos a capacidade total em, no máximo, três dias. Por isso, é tão necessário alugar caminhões-pipa praticamente todos os dias", disse.

Segundo o gerente-geral, somente em janeiro, o Barra Palace já gastou pelo menos R$ 24 mil com o aluguel de 20 carros-pipa, o que significa dizer que o condomínio, em 2015, usou mais de um caminhão por dia.

Segundo ele, o serviço de abastecimento de água da Cedae sofre interrupções diariamente, entre 10h e 3h. "Ontem (13), só foi cair um pingo d'água às 3 horas da manhã. Mesmo assim, de forma muito fraca. Se não fosse o carro-pipa, hoje teríamos amanhecido sem água na torneira", reclamou ele.

"É um verdadeiro sufoco. A gente economiza como pode. Já precisamos cortar piscina, bar da piscina, sauna, banho quente. Nem todos os condôminos entendem, mas precisamos fazer uma verdadeira logística para não faltar água", completou Barbastefano.

Álvaro Pereira afirmou que, por duas vezes, técnicos da Cedae inspecionaram o serviço de abastecimento no Barramares, mas responderam que não havia problema algum no sistema.

Segundo ele, o problema se agravou no fim de novembro do ano passado, quando chegou a faltar água por mais de uma semana. Somente na primeira semana de dezembro, afirmou Pereira, o condomínio gastou R$ 21 mil com o aluguel de caminhões-pipa.

"A gente tenta fazer o máximo para não deixar a cisterna secar, pois há o risco de arrebentá-la. Infelizmente, nesse momento, estamos com a caixa zerada. Vamos ter que fechar chuveiro e piscina e chamar mais um carro-pipa", desabafou.