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Menor é ferido em favela do Rio; polícia investiga hipótese de bala perdida

Do UOL, no Rio

27/01/2015 10h26

Um adolescente de 16 anos, morador do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, foi baleado na favela da Fazendinha, na noite desta segunda-feira (26), durante confronto entre criminosos e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade.

A Polícia Civil abriu inquérito por crime de lesão corporal e investiga se o jovem foi vítima de bala perdida. Confirmada a informação, esse seria o 16º caso de bala perdida no Estado (região metropolitana e Baixada Fluminense) nos últimos dez dias.

De acordo com a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), o tiroteio ocorreu durante patrulhamento em uma localidade conhecida como Inferno Verde. Os suspeitos conseguiram fugir.

Pouco tempo após a troca de tiros, segundo a Polícia Militar, o adolescente deu entrada no hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, zona norte. A Secretaria de Estado de Saúde informou que o jovem não corre risco de vida e que seu quadro é estável.

A Polícia Civil apreendeu as armas utilizadas pelos militares para verificar se o disparo que atingiu a vítima foi feito por algum deles. A polícia não informou quantos PMs participaram da troca de tiros. Eles prestaram depoimento ainda na noite desta segunda.

Além da investigação da Polícia Civil, que será conduzida pela 45ª DP (Complexo do Alemão), o comando da UPP Fazendinha determinou a "abertura de uma averiguação sumária", segundo nota enviada pela CPP.

Até o fim da noite de ontem, o policiamento havia sido reforçado na UPP Fazendinha. Não houve ataque criminoso à base da unidade.

Onda de violência

Atualmente, o Rio vive mais uma crise de segurança pública provocada pela sucessão de casos de balas perdidas, que fizeram, nos últimos dez dias, 15 vítimas confirmadas na capital fluminense, em Niterói e São Gonçalo (região metropolitana), e no município de Mesquita (Baixada Fluminense). Quatro vítimas morreram, segundo a polícia.

Na madrugada de segunda, a dona de casa Sandra Costa dos Santos, 58, foi atingida por uma bala perdida na cabeça em Bangu, na zona oeste do Rio. Segundo informações da polícia, ela foi ferida enquanto dormia, por volta das 3h. Horas antes, Lilian Leal de Moraes, 12, foi ferida por uma bala perdida no morro do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte da cidade.

No domingo (25), Adriene do Nascimento, 21, morreu após ser baleada durante confronto entre PMs e traficantes na favela da Rocinha, zona sul da cidade, de acordo com a UPP local. No mesmo dia, três pessoas foram vítimas de balas perdidas em um confronto na cidade de Mesquita, segundo informações da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense.

No sábado (24), um menino de 14 anos foi atingido por uma bala perdida enquanto brincava em um condomínio no bairro do Fonseca, em Niterói. No mesmo dia, outras três pessoas foram atingidas por balas perdidas: uma mulher e um adolescente foram feridos em um tiroteio no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio, onde há uma guerra entre facções criminosos rivais. Já em São Gonçalo, Diogo da Silva Santos, 23, morreu depois de ser atingido em um tiroteio no centro do município.

Outras seis pessoas haviam sido feridas por balas perdidas entre sábado (17) e sexta (23). Duas crianças --Asafe William Costa Ibrahim, 9, e Larissa de Carvalho, 4-- morreram. Outra criança e quatro adultos foram feridos, em bairros da periferia da capital.

"Nação de criminosos"

O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou ontem (26) que o Estado possui uma "nação de criminosos", o que seria a causa do grande número de pessoas atingidas por balas perdidas nos últimos dias.

"Essas balas perdidas elas foram, na maioria das vezes, provocadas por traficantes. Não foi em confronto a polícia, com exceção desse caso agora da Rocinha. Isso é da natureza dessa verdadeira nação de criminosos que se criou no Rio de Janeiro", disse ele, em entrevista à "Globo News".

"Digo uma nação porque são pessoas que tem uma ideologia de facção, pessoas que têm um desapego e uma irresponsabilidade total pela vida humana", completou.