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Condomínios restringem uso de piscina para economizar água em SP

O casal Ricardo e Letícia apoia a redução do uso da piscina para economizar água - Fabiana Marchezi/UOL
O casal Ricardo e Letícia apoia a redução do uso da piscina para economizar água Imagem: Fabiana Marchezi/UOL

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

01/02/2015 06h00Atualizada em 01/02/2015 09h39

A crise no abastecimento de água que assola São Paulo está mudando cada vez mais a rotina dos moradores do interior do Estado. Alguns condomínios começaram a adotar medidas mais pesadas para tentar conter o desperdício.

Em pleno verão, restringir o uso da piscina, sauna, churrasqueira e demais áreas de lazer são algumas dessas ações. Lavagem de calçadas, ruas, quintais, e veículos são atitudes proibidas e passíveis de multa em algumas cidades há algum tempo.

No Condomínio Ilha Bela, no bairro Mansões Santo Antonio, em Campinas (a 93 km de São Paulo), além de ficar fechada de segunda-feira a quinta-feira, a piscina fica coberta por uma capa para evitar perda de água por evaporação.

A sauna está interditada e a churrasqueira só continua aberta porque o condomínio comprou um sistema de captação da água da chuva. “Nós captamos a água da chuva e usamos para lavar o piso das áreas comuns, quando necessário, e para regar os jardins. Mas se for preciso, fecharemos a churrasqueira também”, diz o síndico Marcos Antonio Vasconcellos.

Segundo ele, essas e outras medidas simples, como usar a água que seria desperdiçada enquanto o chuveiro aquece para dar a descarga resultaram numa redução de 16 metros cúbicos por dia.

“Nosso consumo diário era de 56 metros cúbicos por dia, com pequenas mudanças nos hábitos, conseguimos diminuir para 40 metros cúbicos diários”, explicou.

Em um condomínio de Louveira (a 75 quilômetros de SP), um comunicado distribuído aos moradores nesta quinta-feira (29) informa que a partir da próxima segunda-feira (2) a piscina ficará fechada três vezes na semana, abrindo apenas entre quinta-feira e domingo.

Depois do dia 22 de fevereiro, quando acaba o horário de verão, a medida fica ainda mais rigorosa, com a abertura da piscina prevista apenas para os fins de semana e feriados.

O fechamento total da piscina ocorrerá já no final de março, dois meses antes do previsto na programação anual, quando a piscina fica interditada por causa do inverno.

De acordo com a direção do condomínio, que tem 87 casas, a medida visa evitar o desperdício de água, uma vez que “durante o processo de limpeza, na aspiração, sempre há uma perda significativa de água”.

Essa água aspirada não há como reutilizar.  Segundo a gerente Cristina Castro, por mês, o condomínio gasta mais de 80 mil litros de água para repor o recurso perdido na limpeza.

“Com a restrição, a ideia é, num primeiro momento, reduzir mais de 50% dessa quantidade”, disse.

A decisão tem o apoio dos moradores. Para o casal Ricardo e Letícia Serpa, todas as iniciativas que servirem para economizar água serão bem-vindas. “Tudo o que der pra fazer para evitar o gasto de água deve ser feito”, disse Ricardo.

Além dessa medida, o condomínio também adotou uma restrição para o uso e limpeza das churrasqueiras e do salão de festas. “Estamos alugando menos e a limpeza é feita por uma empresa especializada em lavagem a seco”, contou o encarregado Sideni Gomes de Amaral. A sauna, segundo ele, só está aberta porque quase não é utilizada.

De acordo com a representante do Departamento de Condomínios do Secovi Campinas e Região, Kelma Camargo, somente em Campinas estão registrados 4.200 condomínios.

Para ela, todas as medidas são válidas e ajudam muito, mas também é preciso consciência individual. “O que funciona de verdade são medidas mais simples, que cada pessoa deve tomar dentro de sua casa, como diminuir o uso da máquina de lavar roupas, reservar e reutilizar a água, armazenar em baldes a água do chuveiro que seria desperdiçada durante o aquecimento e trocar válvulas do vaso sanitário por caixas acopladas”, afirmou.