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Apesar do potencial, serviços que mapeiam falta de água têm problemas

Tela do aplicativo Estou Sem Água, dedicado a mapear pontos de falta de água na cidade - Divulgação
Tela do aplicativo Estou Sem Água, dedicado a mapear pontos de falta de água na cidade Imagem: Divulgação

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 06h00

Nos últimos meses ocorreram uma série de discrepâncias entre os relatos dos consumidores e a posição da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) sobre os locais e horários na redução de pressão de água na Grande São Paulo. Em janeiro, a companhia foi obrigada a atender deliberação da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) e trazer essas informações em seu site.

Em paralelo à ação da Sabesp, surgiram iniciativas próprias para mapear a falta de água na capital paulista. Seja por aplicativos de celular ou sites, o objetivo desses serviços seria coletar dos próprios usuários as denúncias de desabastecimento, e assim apontá-las de forma ordenada nos mapas da cidade.

No entanto, por conta da pouca adesão até o momento ou de recursos financeiros, tais serviços ainda não atingiram um grande potencial, apresentando problemas de desempenho e carecendo de uma divulgação maior.

A iniciativa mais madura até agora é a do app Estou Sem Água. Lançado para sistema Android em agosto, recebeu só pouco mais de 1.000 denúncias em todo o Brasil (uma média de 160 por mês) e conta com 600 usuários ativos, segundo afirma a empresa que o criou, a start-up Tortato IT.

As denúncias via celular aparecem depois no mapa, disponível no www.estousemagua.com.br. O serviço ganhou depois a possibilidade do usuário compartilhar, pelo Twitter, as informações para as companhias de água das respectivas cidades. Em alguns casos, o órgão inicia um contato com o autor da denúncia pela rede social para tentar solucionar o problema.

"Criamos o aplicativo sem fins lucrativos, como um 'insight' de que a crise pioraria em São Paulo. Mas não vejo um retorno financeiro disso, serviu mais como portfólio. Vamos procurar patrocínio para o app, ou talvez ele se torne uma associação de consumidores", diz Cleiton Tortato, cofundador da empresa.

Também para Android, o Faltou? também emprega mapeamento colaborativo e geolocalização para mostrar onde está faltando não só água, mas também energia, internet e telefone. No entanto, o programa foi recém lançado --no último dia 23 de fevereiro-- e os testes do UOL só encontraram no mapa do app cinco denúncias: duas de água, duas de internet e uma de energia. A empresa Datacubo promete uma versão para iOS para breve.

Outras duas iniciativas não requerem dispositivos móveis de seus usuários. O Faltou Água (www.faltouagua.com) foi lançado há quase um ano, em maio do ano passado, mas no site você pode fazer a denúncia de qualquer computador, para qualquer lugar do globo. Basta colocar um endereço e clicar em uma das opções para informar o desabastecimento: "nos últimos meses, quase todo dia"; "nos últimos meses, muitas vezes"; e "este ano, de vez em quando".

Já a ferramenta De Onde Vem a Água, criada pelo Instituto Socioambiental, faz basicamente a mesma coisa do Faltou Água, mas pede mais dados do usuário: onde faltou água (em casa, no prédio, no trabalho, na escola), quando faltou (durante o dia, durante a noite) e quanto tempo ficou sem água (até 12, 24, 48 ou mais de 48 horas).

Pelo tempo maior de uso, o Faltou Água possui muitas denúncias, segundo seu mapa, mas não informa quantos. As páginas do Facebook e do Twitter do serviço tiveram atualizações pela última vez em outubro de 2014. O De Onde Vem a Água só mostrou 30 locais sem água nos últimos cinco dias, sendo cinco denúncias marcadas fora do Estado de São Paulo. Ambos usam a ferramenta de mapa do Google e demonstraram alguma lentidão durante o uso.