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Grafite em prédio perto do QG da polícia homenageia traficante morto no RS

Grafite em homenagem a Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, que fica a menos de um quilômetro do Palácio da Polícia, em Porto Alegre - Lucas Azevedo/UOL
Grafite em homenagem a Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, que fica a menos de um quilômetro do Palácio da Polícia, em Porto Alegre Imagem: Lucas Azevedo/UOL

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

04/03/2015 20h35

Quem passa pela avenida Princesa Isabel, próximo ao cruzamento com a avenida João Pessoa, na região central de Porto Alegre, vê, pintado na parede de um prédio de três andares, um grande busto colorido com os dizeres "O padrinho é o general". O grafite é uma homenagem a Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, um dos grandes traficantes da região metropolitana, e fica a menos de um quilômetro do Palácio da Polícia, QG da segurança pública na capital.

Xandi, 35, foi morto em um tiroteio com uma quadrilha rival no litoral norte gaúcho no dia 4 de janeiro deste ano. Um dos seguranças do traficante era um comissário de polícia, que até 2014 atuava no gabinete do ex-secretário de Segurança do RS.

O prédio em que há a imagem de  Xandi é o condomínio popular Princesa Isabel. Moradores que não quiseram se identificar relatam que a pintura foi feita depois de uma "vaquinha". Do local, Xandi, que tinha indiciamentos por homicídios e tráfico, comandava seus negócios. Formalmente era produtor musical, embora sua atuação com o comércio de entorpecentes fosse de conhecimento e acompanhamento da polícia.

Nem todos os moradores do condomínio concordam com a homenagem. Mas como quem está retratado na parede de cerca de 60 metros quadrados é o ex-chefão do tráfico, o silêncio é a melhor alternativa.

O fato de estar a poucas quadras do Palácio da Polícia, onde estão sediados os principais departamentos da Polícia Civil gaúcha, não intimidou os responsáveis pela homenagem. Até porque não há nada que parece ser feito.

O Denarc (Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico) informou que abriu inquérito para apurar o que entende ser "em tese" apologia ao crime. A síndica do condomínio será ouvida e deve esclarecer quem, de fato, pagou pelo grafite.

A prefeitura, por meio do Demhab (Departamento Municipal de Habitação), que concede as moradias, pediu explicações aos moradores, mas viu que, na realidade, nada poderia fazer a respeito. 

Enquanto isso, Xandi, o traficante, permanece eternizado na fachada do prédio, prova de que, a pesar de sua morte, é o tráfico quem ainda manda no local.