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Construtoras começam a cercar parque Augusta, em SP, com tapume

Funcionários de empresa contratada pelas construtoras iniciam instalação de tapume - Organismo Parque Augusta/Facebook
Funcionários de empresa contratada pelas construtoras iniciam instalação de tapume Imagem: Organismo Parque Augusta/Facebook

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

05/03/2015 19h17

Um dia depois da reintegração de posse do parque Augusta, na região central de São Paulo, as construtoras Cyrela e Setin começaram nesta quinta-feira (5) a cercar o terreno com um tapume para impedir que ele volte a ser ocupado. O tapume terá três metros de altura.

“Ontem mesmo nós retiramos cinco caminhões de lixo para deixar o terreno em condições mais razoáveis. E iniciamos hoje um tapume de maneira que seja mais seguro e evite esses dissabores e essas invasões, como vimos recentemente”, afirmou o presidente da Setin, Antonio Setin.

“O terreno se encontra hoje com uma empresa de segurança privada. Não tínhamos alternativa, precisávamos fazer a guarda do terreno”, acrescentou o empresário.

O terreno foi aberto e ocupado por ativistas em 17 de janeiro e assim ficou até o cumprimento da reintegração de posse na manhã de quarta-feira (4).

O parque foi criado por um decreto da prefeitura em dezembro de 2013. Logo depois, o terreno foi fechado ao público pelas construtoras, donas do imóvel.

No local, as empresas pretendem construir quatro prédios. As torres ocupariam cerca de um terço do terreno. O parque ocuparia o restante.

O Organismo Parque Augusta, que defende a abertura do parque e se opõe à construção dos prédios, usou sua página no Facebook para postar fotos da instalação do tapume e criticar a iniciativa das construtoras.

O terreno possui 25 mil metros quadrados e contém árvores e edificações remanescentes do antigo colégio Des Oiseaux tombadas desde 2004 pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). O bosque do parque Augusta é considerado um oásis de mata atlântica no centro da capital paulista.

O mesmo Conpresp aprovou no fim de janeiro o projeto das construtoras de erguer prédios de uso misto em parte do terreno.

A construção dos prédios ainda depende do aval de órgãos da prefeitura. No dia 13 de fevereiro, o Ministério Público Estadual e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciaram que o dinheiro repatriado de bancos estrangeiros que movimentaram recursos do ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP) poderá ser usado na desapropriação do terreno a fim de implantar o parque, com administração pública e sem a construção de torres.