Abrigo no Acre vira "minicidade" com juizado, posto de saúde e até cinema
Com 5.000 pessoas dividindo às suas várias áreas, o Parque de Exposições de Rio Branco (AC) é o local que mais recebe desabrigados e passou a ter dinâmica de uma minicidade, com oferta de serviços às famílias que estão longe de casa por causa da cheia histórica do rio Acre, cujas águas chegaram a 18,40 metros.
No local, o poder público e voluntários ofertam vários serviços, como um Juizado Especial Itinerante, postos policial e de saúde, refeitório, lavanderia, praça de lazer e até um cinema para distrair quem espera a água do rio baixar para retomar a vida.
O clima do local é de harmonia, mas com as divergências comuns a uma pequena cidade. “O maior número de reclamações aqui é por conta de perturbação do sossego, com uma TV, um som alto. É como ter um vizinho, mas que você nunca viu na vida”, contou um policial que faz a segurança do local.
Quando a reportagem do UOL chegou ao parque, na noite deste sábado (8), muitas pessoas se aglomeravam em frente ao posto de saúde para saber como estava uma vítima de um espancamento. “Esse homem estava no banheiro feminino fazendo 'coisa feia', e as mulheres chamaram os maridos, que deram umas pancadas nele”, disse uma curiosa, que esperava com amigas o “boletim médico” do suspeito.
Transitando pelo local, é possível perceber a movimentação típica de uma cidade de interior. Policiais fazem a segurança em vários pontos, pessoas conversando em frente às suas "casas", casais passeando e crianças correndo nos quatro cantos.
“Aqui está tudo tranquilo. Já tem gente até paquerando e arrumando namorado. Tem um monte de mulher solteira aqui no meu galpão”, disse Gleicione Cintra, 31, que chegou ao local dia 25.
“Aqui é bom, a gente faz amizade na lavanderia, conhece pessoas. Não tenho o que reclamar, o atendimento prestado é excelente”, complementa Ivana Amaral, 18.
Além dos serviços e clima de harmonia, muitas pessoas vêm colaborando para alegrar as 1.500 crianças e os idosos que estão no local. Na última semana, voluntários como o estudante Gabriel Bezerra --que se vestiu de Chapolin Colorado-- foram ao local para levar alegria às meninos e meninas. Já a professora de Educação Física Renata Chaves está indo realizar exercícios orientados com os idosos.
Apesar de não apresentarem críticas do abrigo, os moradores não escondem a vontade de voltar para casa logo e iniciar uma nova batalha: a busca por uma casa nova, longe do rio. “A gente quer mesmo é que sejam entregues as casas para que não precisemos mais passar por isso. Vamos lutar muito”, disse Laan da Rocha Silva, 25.
Na última sexta-feira, o UOL revelou que existem 1.200 casas prontas, à espera apenas da liberação burocrática para que sejam liberadas a pessoas que vivem em áreas de risco.
Abrigos
Segundo o governo acriano, existem hoje 29 abrigos montados com 10.599 pessoas. Quarenta e três bairros foram afetados pela cheia do rio Acre.
Alguns moradores começaram a voltar para suas casas nesse sábado, à revelia do poder público.
Segundo a prefeitura, somente após essa limpeza e a confirmação que o nível do rio vai continuar baixando é que começará a ser discutida a operação de volta para casa das famílias desabrigadas.
Quem quiser fazer doações aos desabrigados pode participar da campanha "SOS Enchente Rio Acre". Depósitos devem ser feitos na conta corrente 500-2 do Banco do Brasil, agência 0071-x, CNPJ 14346589/0001-9.
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