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Baixo nível do maior reservatório do país, na Bahia, assusta ribeirinhos

Fabiana Maranhão

Do UOL, em Sobradinho (BA)

21/03/2015 06h00Atualizada em 21/03/2015 06h03

A dona de casa Rosimery da Silva, 47, está assustada com o baixo nível de Sobradinho, maior reservatório do país em área alagada, localizado no município de mesmo nome (a 560 km de Salvador), na Bahia.

Por causa da forte estiagem que afeta a região, na quinta-feira (19), o índice da represa era de 17,44% de sua capacidade, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema). O reservatório fica no rio São Francisco, tem  320 km de extensão e capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água.

"Fico triste quando vejo ele [o reservatório] assim. Tenho medo que seque ainda mais", lamenta Rosimery. Ela mora às margens do lago artificial que é considerado um dos maiores do mundo. 

Ela lembra que, nos últimos três anos, a beira do rio tem ficado cada vez mais distante de onde vive. Rosimery conta que antes bastava colocar os pés para fora de casa para pegar água. "Acho que o rio já recuou uns 300 metros durante esse tempo", calcula.  Com isso, ela foi obrigada a instalar uma bomba para levar água até sua casa.

Estefânio Luiz, 23, cuida do criadouro de tilápias que era do seu pai, morto há três anos. Ele fala que, à medida que a represa vai ficando rasa, ele tem de colocar as gaiolas onde cria os peixes cada vez mais distante das margens. "Isso é perigoso por causa de furto", diz.

Nível baixo

O nível do reservatório de Sobradinho, considerado crítico, é o menor entre as represas usadas para geração de energia das regiões Norte e Nordeste, de acordo com o ONS.

Em pior situação estão reservatórios localizados no Sudeste e no Centro-Oeste, como Ilha Solteira (SP) e Três Irmãos (SP), que estão zerados e usam o volume morto (água que fica no fundo das represas); Nova Ponte (MG), com 16,93% de água; Furnas (MG), com 16,76%; e Itumbiara (GO), com 13,92%.

Os reflexos do baixo nível das represas são conta de luz mais cara e aumento do risco de racionamento. Na semana passada, o Banco Central previu que o preço da energia elétrica vai subir, em média, 38,3% em 2015.