Pesquisa mostra que 4 em cada 10 policiais mulheres sofreram assédio
Quatro em cada dez policiais mulheres (39,2%) afirmam que sofreram algum tipo de assédio --moral ou sexual-- dentro da instituição onde trabalham, revela pesquisa realizada com policiais de todo o país.
O estudo ouviu, por meio de formulário eletrônico, 13.055 policiais, sendo 18,87% mulheres (2.415), entre os dias 12 e 26 de fevereiro deste ano. A pesquisa "As mulheres nas instituições policiais" foi realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a Fundação Getulio Vargas, a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e o Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais.
Das policiais que disseram ter sofrido assédio, a maioria (74,5%) afirmou ter sido vítima de assédio moral e 25,5%, sexual; quatro em cada dez (40,7%) falaram que isso ocorria "às vezes"; e a maior parte (74,1%) relatou que o autor do assédio foi um superior hierárquico.
Entre as mulheres que sofreram assédio, apenas 11,8% registraram queixa, e 68% delas disseram que não ficaram satisfeitas com o desfecho da denúncia.
Perguntadas se já se sentiram "discriminadas, humilhadas, desrespeitadas, constrangidas ou assediadas em razão do seu gênero ou orientação afetivo-sexual", 36,9% delas disseram que sim, mas apenas 7,9% registraram queixa formal.
Ainda quando o assunto é denúncia de violência, a maioria das entrevistadas afirmou que não há mecanismo formal para registro de violência de gênero em suas corporações (47,8%) ou que não sabiam se existia algo nessa linha (34,7%).
Comentários considerados "inapropriados" ou sexuais parecem ser uma constante no ambiente de trabalho delas: 62,9% das policiais disseram já ter ouvido esse tipo de comentário no ambiente de trabalho; 45,6% falaram que isso ocorre "às vezes"; e 39,7% das mulheres afirmaram que comentários sobre orientação sexual ou gênero ocorrem com frequência ou sempre.
Apesar de terem de trabalhar em um ambiente hostil para o sexo feminino, 40,9% afirmaram que estão satisfeitas com o trabalho e 65,7% delas planejam se aposentar como profissional da segurança pública.
Um fato curioso revelado pela pesquisa é que a maioria das entrevistadas (62,7%) é contra que exista cotas para mulheres nas corporações. Entre os policiais entrevistados, 51,7% concordam com o estabelecimento de cotas.
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