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Índios mantêm quatro mulheres reféns no Maranhão

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

14/04/2015 10h50Atualizada em 14/04/2015 14h44

Quatro servidoras do Dsei (Distrito Sanitário Especial da Saúde Indígena) estão sendo mantidas reféns por índios guajajaras, da aldeia Massaranduba, desde a última sexta-feira (10), no município de Bom Jardim, no Maranhão.

A aldeia fica localizada na área rural do município, às margens da BR-316, que liga o Maranhão ao Pará.

As lideranças indígenas da aldeia reivindicam melhorias nos serviços de saúde no polo-base que pertence à aldeia e disseram à Funai (Fundação Nacional do Índio) que estão insatisfeitas com os serviços de saúde oferecidos.

Um posto de saúde está sendo construído na aldeia, já em fase de conclusão. A obra foi orçada em R$ 500 mil, mas os índios questionam se vão ter médicos e remédios no local. Atualmente, a aldeia conta com uma enfermaria que funciona em uma casa.

Segundo a Funai, a aldeia de Massaranduba é formada por cerca de 400 índios.

Reféns

As quatro mulheres foram impedidas de sair da aldeia Massaranduba depois que realizaram um trabalho de educação ambiental com os índios na noite de sexta-feira e apenas no dia seguinte avisaram às famílias, por telefone, que estavam presas no local.

Os índios também pegaram dois homens que trabalham na construção do posto de saúde da aldeia e os mantiveram como reféns até o fim da manhã desta segunda-feira (13).

Eles foram libertados depois de uma longa negociação com a Funai e com a Polícia Federal.

Agora, continuam reféns uma enfermeira, uma psicóloga, uma técnica sanitarista e uma engenheira.

O coordenador do Dsei no Maranhão, Alexandre Cantuária, disse que está acompanhando as negociações, mas que o órgão só vai dialogar com os índios quando eles liberarem as quatro funcionárias.

“Elas estão bem de saúde, apesar de estarem sendo impedidas de sair da aldeia. Contaram que estão se alimentando e podem caminhar pela aldeia. Mas isso que os índios estão fazendo é crime. Manter pessoas como reféns, em cárcere privado é crime. Estamos abertos ao diálogo, mas só vamos conversar com os índios sobre as reivindicações deles quando elas foram libertadas”, declarou Cantuária.

As negociações estão sendo feitas pela PF, Funai, Condiz (Conselho Social Estadual da Saúde Indígena) e Coopima (Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas).

Em nota, o Ministério da Saúde informou que a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) "vem reforçando o atendimento à população indígena guajajaras" e que comunidade Massaranduba é assistida por equipe multidisciplinar formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista, auxiliar de saúde bucal e agente de saúde indígena.

O ministério disse ainda começou a ampliar a sede do polo-base de Santa Inês (MA) e a nova sede será inaugurada em maio. "O polo base realiza serviços de atenção básica à saúde de indígenas aldeados. A unidade também serve de apoio aos indígenas atendidos por serviços de média e alta complexidade da rede de saúde de Santa Inês que precisam descansar antes de voltar para a aldeia", explicou.

A nota diz ainda que na próxima segunda-feira iniciará o novo contrato de alimentação dos indígenas atendidos no polo. "Cabe ressaltar que a Sesai sempre esteve aberta ao diálogo com qualquer comunidade para discutir melhorias dos atendimentos à saúde", finalizou a nota.