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Com pai internado, filha casa dentro de hospital em Aracaju

Ianna e o marido reuniram 40 convidados na capela do hospital São Lucas, na capital de Sergipe - Arquivo pessoal
Ianna e o marido reuniram 40 convidados na capela do hospital São Lucas, na capital de Sergipe Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

27/04/2015 16h53

Com o pai internado há dois meses para tratar uma doença generativa, a dentista Ianna Karolyne Maniçoba Leite, 32, tomou uma decisão ousada: transferiu o seu casamento para dentro de um hospital em Aracaju.

Ela e o marido, o engenheiro André dos Santos Morais, 36, reuniram 40 convidados no domingo (26) na capela do hospital São Lucas, na capital de Sergipe. Lá, fizeram a celebração em homenagem ao pai da noiva, Antônio Henrique Araújo Leite, 57, portador de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).

“Ele não tem como tem com sair do hospital, a não ser pra casa --onde precisa de adaptação e ficará com cuidados especiais. A única forma dele assistir à cerimônia seria no hospital. Pedi autorização e deu tudo certo”, contou a noiva. “Foi maravilhoso e todos ficamos superfelizes. Ele estava radiante.”

Toda a cerimônia foi acompanhada pelo médico de Leite, que já perdeu quase todos movimentos do corpo e a fala. Hoje, a forma de comunicação dele com a família e profissionais de saúde é um leve aperto de mão para concordância a questionamentos feitos.

Segundo a noiva, por conta da capela do hospital ser pequena, alguns amigos acabaram ficando de fora. “Não podia ficar muita gente, mas tinha enfermeiro, paciente, acompanhante. Cortamos alguns amigos não por querer, mas porque não caberia. Todos entenderam”, disse, lembrando que, por conta do improviso, o convite foi escrito a mão.

Um dia antes, sua irmã casou-se em uma celebração típica. “Ela já tinha programado tudo, não havia como mudar. Ela entrou com a foto dele. Por conta de meu pai não poder ir, não fizemos festa, apenas um almoço para os convidados”, afirmou. “Não tinha sentido festa sem ele, que sempre foi muito bom com a gente.”

Ianna conta que sonhava com uma festa grande. “Queria fazer um casamento comum, desde o ano passado. Mas aí meu pai fez um gastrostomia (quando é introduzido um tubo ao estômago para alimentação). A evolução da doença foi muito rápida”, explicou.

A família espera agora que ele retorne para casa, onde ficará tendo assistência médica. “Achamos que esta semana ele já entre em processo de home care, que precisa de uma adaptação do ventilador que usa [para respiração]. Por isso a gente correu para poder fazer no hospital, porque em casa seria complicado”, disse.