Com efetivo insuficiente, penitenciária usa gansos para vigiar presos no PI
Cinco gansos reforçam a segurança da Penitenciária Regional Luiz Gonzaga Rebelo, na cidade de Esperantina, norte do Piauí. Com o efetivo de Policiais Militares e de agentes penitenciários insuficiente, a direção do local resolveu contar com a ajuda das aves e colocou os animais na área externa, entre o prédio e o muro de contenção, para impedir fugas de presos.
Os gansos foram treinados para conviver com uma pessoa, que coloca água e comida. Ao ver estranhos, as aves emitem sinais de alerta e ainda atacam quem tentar chegar perto.
Um vídeo divulgado pelo Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí) mostra que os gansos ficam numa área externa que está sem a vigilância da PM ou de agentes.
"Esse som emitido pelos gansos serve de alerta para agentes penitenciários que trabalham na segurança interna e para policiais que fazem a área externa. Eles ficam em um espaço em L, onde tem uma guarita, que está desativada", disse o diretor administrativo do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda.
Os animais estão há dois anos e meio e já impediram a fuga de cinco presos no final do ano passado, segundo a Sejus (Secretaria de Estado da Justiça do Piauí).
O sindicato reclama da falta de efetivo para a segurança dos presídios e cobra a realização de concurso público para minimizar os problemas do sistema prisional do Piauí. Segundo o sindicato, a penitenciária de Esperantina tem apenas cinco agentes por plantão. A cerca elétrica do local também não está funcionando.
“Temos 600 agentes em todo o Estado, mas o número é insuficiente para atuar nos 14 presídios. Seriam necessários mais 600 agentes penitenciários, 300 para cobrir os aposentados e mais 300 para reforçarem os presídios que estão com pouco número de agentes”, explicou Holanda.
São quatro policiais por plantão, sendo um comandante da guarda e três soldados, número insuficiente para que fiquem todas as quatro guaritas ocupadas.
Segundo a Sejus, o policiamento é feito no formato de rondas, nas passarelas acima dos pavilhões. Os policiais de plantão não ficam somente na guarita. O regimento da PM determina que o policial poderá ficar até duas horas em pé e depois terá o descanso de quatro horas.
A penitenciária onde os gansos atuam tem capacidade para 127 internos, mas atualmente está superlotada, custodiando 300 presos. O sistema prisional do Piauí possui 2.108 vagas, mas atualmente tem 3.550 presos custodiados.
A Sejus disse que os animais impediram uma fuga de cinco presos, no final do ano passado, quando o grupo se preparava para pular o muro na unidade prisional. Ao ver os presos, os gansos começaram a emitir barulho e os policiais conseguiram impedir a fuga.
A Penitenciária de Esperantina é a única unidade do sistema prisional ao usar gansos na segurança.
A secretaria não respondeu aos questionamentos sobre o aumento de PMs e agentes penitenciários no local, mas informou que ainda na tarde desta segunda-feira (4) irá se posicionar sobre o assunto.
Outro lado
A secretaria informou que vai reforçar o número de policiais nas unidades e em Esperantina serão mais três militares. “Diante do efetivo reduzido de policiais no Estado, a secretaria vem investindo nas operações planejadas, com compra de folgas, para garantir a segurança nas unidades.”
A Sejus informou ainda que o governo investiu mais de R$ 6 milhões em obras no sistema prisional, como a construção de novos pavilhões, bem como a recuperação de áreas depredadas pelos detentos.
“Na Casa de Custódia, por exemplo, estão sendo concluídas as obras de dois pavilhões anexos, que vão gerar 160 novas vagas. A unidade também recebeu reforço nas grades, colocação de 2.500 metros de cerca de segurança, além do reforço no sistema elétrico.”
A secretaria não se posicionou sobre a abertura de concurso público para agentes penitenciários.
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