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Rio diminui número de policiais militares nas ruas a partir de hoje

Maria Luísa de Melo

Do UOL, no Rio

04/05/2015 06h00

O Estado do Rio de Janeiro terá menos policiais nas ruas a partir desta segunda-feira (4). Isso porque a Polícia Militar decidiu reduzir o número de vagas ofertadas pelo RAS (Regime Adicional de Serviço) de 1.550 para 620. Pelo programa, que é voluntário, os PMs fazem horas extras para suprir o déficit de agentes nas ruas. 

O motivo da diminuição de vagas, segundo PMs ouvidos pela reportagem, é a falta de recursos para o pagamento das horas extras por parte do governo do Estado. A corporação, no entanto, nega esta versão e afirma que as vagas cortadas ficavam ociosas.

"A medida vai incentivar a segurança ilegal, que é feita para empresas. O que a gente sabe é que vagas foram cortadas, porque o governo não tem como pagar as horas extras. O pior disso tudo é que com menos policiais nas ruas, a criminalidade vai aumentar muito”, opinou um sargento lotado no Batalhão de Policiamento Rodoviário, que atua na alameda São Boaventura, em Niterói. “O RAS supria os buracos deixados por falta de efetivo."

Para outro policial, que atua no Complexo do Alemão,  na zona norte do Rio, a disputa dos PMs para trabalhar nos horários de folga ficará ainda mais acirrada. "Antes dessa medida, o serviço já estava bastante concorrido. Muitas vezes a gente entrava no sistema, e as vagas estavam todas preenchidas.  Será que só o governo não percebe que, se quem prende sai de cena, a tendência é aumentar a criminalidade? ", questionou o praça.

Todas as vagas para tal serviço foram extintas nos batalhões da Tijuca e Olaria, na zona norte da capital fluminense, no batalhão do município de Santo Antônio de Pádua, e no Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbano.

Na contramão da redução de vagas, a criminalidade tem aumentado nessas áreas. Na área do 16º BPM (Olaria),  por exemplo, que atende aos complexos da Penha e do Alemão, o número de roubos subiu. No primeiro trimestre do ano passado, foram registrados 1.266 casos deste tipo de crime --incluindo roubo a transeunte, celular, residência, e estabelecimento comercial. Já no primeiro trimestre deste ano, o número subiu para 1.400. A maior parte foi roubo de celular, que cresceu 114% no período.

Outro batalhão que também terá seu efetivo bastante afetado será o 12º, em Niterói. A unidade, que tinha 120 vagas para o RAS agora terá apenas 20. Entre os crimes que mais cresceram na região também está o roubo. Foram 1.656 casos no primeiro trimestre do ano passado contra 1.867 casos no mesmo período deste ano.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que  "a redução no RAS não prejudicará o patrulhamento",  já que um estudo foi feito para redimensionar o efetivo em todo o Estado. "O policiamento está sendo distribuído para ser mais eficaz e ter mais qualidade. As reduções foram feitas apenas no RAS voluntário", informa trecho do documento.