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Em meio a guerra de facções, comércio fecha as portas em morro no Rio

No Morro do São Carlos, no Estácio, comerciantes também baixaram as portas - Celso Barbosa/Brazil Photo Press/Agência O Globo
No Morro do São Carlos, no Estácio, comerciantes também baixaram as portas Imagem: Celso Barbosa/Brazil Photo Press/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

15/05/2015 17h18Atualizada em 15/05/2015 17h41

Em meio ao clima de tensão instalado em comunidades da região central do Rio de Janeiro por conta de uma guerra de facções que deixou pelo menos dez mortos em uma semana, comerciantes do morro da Mineira fecharam as portas na tarde desta sexta-feira (15).

Segundo uma moradora da comunidade ouvida pelo UOL, bandidos que atuam no local ordenaram que o comércio interrompesse o atendimento. "Mandaram fechar tudo. Está muito tenso, todo mundo dentro de casa", contou a mulher, sob anonimato.

Pela manhã, moradores da favela do São Carlos, no Estácio, queimaram dois ônibus durante um protesto por conta das mortes de dois homens na comunidade, na noite desta quinta (14). A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), órgão gestor das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), informou que as duas mortes ocorreram em decorrência do confronto travado por policiais militares e traficantes.

As comunidades da Coroa, do Fallet, do Fogueteiro, da Mineira e do São Carlos, que compreendem uma área que passa por bairros como Santa Teresa, Estácio, Catumbi e Rio Comprido, estão em guerra desde o último fim de semana, quando uma houve invasão ao Morro da Coroa.

A presença da Polícia Militar nessas comunidades, nas UPPs, não intimida os criminosos. As disputas entre traficantes das facções Comando Vermelho e Terceiro Comando afetam cerca de 30 mil moradores.

No morro da Mineira, alvo da guerra entre facções rivais, os moradores foram avisados sobre a realização de outro protesto às 17h desta sexta, na frente do hospital da Polícia Militar, na avenida Salvador de Sá, no Estácio.

"As ruas do morro estão vazias. A preocupação de todo mundo é com os confrontos", disse a moradora ouvida pela reportagem. "À noite ouvi muitos tiros. Muitos mesmo", contou.

De acordo com a CPP, o policiamento nas comunidades está reforçado por policiais de batalhões do COE (Comando de Operações Especiais) da PM --Bope, BPChoque e de Ações com Cães.

Investigação

As circunstâncias das mortes desta quinta estão sendo investigadas pela Polícia Civil. De acordo o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da DH (Divisão de Homicídios), a perícia do local dos crimes começou a ser feita no fim da manhã desta sexta. Uma das vítimas, segundo Barbosa, seria um motoboy.

Em entrevista à TV Globo, o delegado afirmou que os policiais estão procurando testemunhas e que as circunstâncias das mortes ainda não são conhecidas.

Outras mortes

No dia 8 de maio, quatro pessoas morreram e cinco foram baleadas durante confronto entre facções rivais e entre traficantes e policiais no Morro da Coroa. Na manhã do último domingo (10), outros dois homens morreram em uma troca de tiros entre criminosos e policiais.

Na noite de terça (12), duas pessoas morreram em um tiroteio na região do Catumbi. As vítimas foram identificadas como Geraldo Martiniano da Silva, 44, e Luan Rodrigues de Sousa Gama, 20. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil está investigando as mortes.

O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que a invasão de criminosos ao Morro da Coroa foi comandada por Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fú da Mineira, apontado pela polícia como um dos chefes da facção Comando Vermelho.

Ônibus queimados na Baixada

Na noite desta quinta, em suposta represália a uma operação de combate ao tráfico promovida pela Polícia Militar em Japeri, na Baixada Fluminense, cinco ônibus foram incendiados por criminosos.

Quatro coletivos foram atacados em Japeri e um, na cidade vizinha de Queimados. Os ataques aos ônibus começaram no final da tarde. Os bandidos obrigaram as pessoas a sair dos veículos e ninguém se feriu nos incêndios.