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Após mais duas mortes, moradores de morro queimam ônibus em protesto no Rio

Reprodução/Globo News
Imagem: Reprodução/Globo News

Do UOL, no Rio

15/05/2015 09h20Atualizada em 15/05/2015 12h26

Moradores da favela do São Carlos, no Estácio, na zona norte do Rio de Janeiro, queimaram dois ônibus durante um protesto realizado na manhã desta sexta-feira (15), nos arredores do hospital da Polícia Militar, na avenida Salvador de Sá. O ato teria como motivação, segundo relatos de testemunhas, as mortes de mais dois homens na comunidade do São Carlos, na quinta-feira (14). Desde a última sexta, pelo menos dez pessoas foram mortas em uma guerra de facções na região.

A PM não soube informar o número de pessoas que participam da manifestação. A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), órgão gestor das UPPs, informou que as duas mortes em decorrência do confronto travado por policiais militares e traficantes na noite desta quinta-feira (14). No entanto, ainda não há informações sobre as vítimas --se eram moradores ou se faziam parte de alguma organização criminosa.

A violência vem assustando os moradores da região do Estácio, Catumbi e Santa Teresa desde o último fim de semana. Há uma guerra entre facções pelo controle da favela da Coroa, no Catumbi, e os tiroteios são constantes. As comunidades envolvidas na disputa possuem UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

O trânsito está bloqueado no largo do Estácio, de acordo com o Centro de Operações. Os motoristas devem evitar a região. O engarrafamento se estende a bairros próximos, como Tijuca e Centro.

As circunstâncias das mortes desta quinta estão sendo investigadas pela Polícia Civil. De acordo o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da DH (Divisão de Homicídios), a perícia do local dos crimes começou a ser feita no fim da manhã desta sexta. Uma das vítimas, segundo Barbosa, seria um motoboy.

Em entrevista à TV Globo, o delegado afirmou que os policiais estão procurando testemunhas e que as circunstâncias das mortes ainda não são conhecidas.

Disputa entre facções

As comunidades da Coroa, do Fallet, do Fogueteiro, da Mineira e do São Carlos, que compreendem uma área que passa por bairros como Santa Teresa, Estácio, Catumbi e Rio Comprido, estão em guerra desde o último fim de semana, quando uma houve invasão ao Morro da Coroa.

A presença da Polícia Militar nessas comunidades, as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), não intimida os criminosos. As disputas entre traficantes das facções Comando Vermelho e Terceiro Comando afetam cerca de 30 mil moradores.

No dia 8 de maio, quatro pessoas morreram e cinco foram baleadas durante confronto entre facções rivais e entre traficantes e policiais no Morro da Coroa. Na manhã do último domingo (10), outros dois homens morreram em uma troca de tiros entre criminosos e policiais.

Na noite de terça (12), duas pessoas morreram em um tiroteio na região do Catumbi. As vítimas foram identificadas como Geraldo Martiniano da Silva, 44, e Luan Rodrigues de Sousa Gama, 20. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil está investigando as mortes.

O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que a invasão de criminosos ao Morro da Coroa foi comandada por Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fú da Mineira, apontado pela polícia como um dos chefes da facção Comando Vermelho.

O policiamento nas comunidades do Fallet, da Coroa e do Fogueteiro foi reforçado com homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e de outras unidades da PM. O reforço foi ampliado para os bairros no entorno das favelas.

Ônibus queimados na Baixada

Na noite desta quinta, em suposta represália a uma operação de combate ao tráfico promovida pela Polícia Militar em Japeri, na Baixada Fluminense, cinco ônibus foram incendiados por criminosos.

Quatro coletivos foram atacados em Japeri e um, na cidade vizinha de Queimados. Os ataques aos ônibus começaram no final da tarde. Os bandidos obrigaram as pessoas a sair dos veículos e ninguém se feriu nos incêndios.