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Paciente com câncer terminal realiza o sonho de se casar, em MG

Renata Tavares

Do UOL, em Uberlândia (MG)

21/05/2015 08h29

Há quatro anos, Margareth Nascimento Araújo, 36, descobriu um câncer no ovário. Fez todo o tratamento, mas a doença se alastrou para o restante dos órgãos e se tornou incurável para a medicina atual. Atualmente, para receber os cuidados paliativos, recebe voluntários de uma ONG em sua casa. Foi numa dessas visitas que ela expressou seu maior desejo: casar e usar um vestido de noiva. Na noite de quarta-feira (20), o sonho se concretizou.

Após passar o dia se preparando, com direito a banho de espuma, cabelo e maquiagem, Margareth chegou para a cerimônia em um carro especial.

Desceu com a ajuda de duas pessoas e se manteve firme durante a caminhada ao altar, onde estava Robson Aparecido Santos, 31. Após a troca de alianças, com os olhos cheios de lágrimas, Margareth falou:

"Hoje fui tratada como uma rainha. Fiz coisas que nunca fiz em toda a minha vida. Não tenho palavras para agradecer o que o Hospital do Câncer fez por mim. Esse é realmente um dia de sonho, um milagre em minha vida".

Margareth e o marido estão juntos há 16 anos. Robson conta que com as dificuldades do dia a dia, o sonho do casamento foi sendo adiado ao longo dos anos. O casal tem dois filhos, Emerson Araújo Santos, 14, e Gabriel Araújo Santos, 12.

Embora a medicina já tenha descartado as chances de cura, a noiva disse acreditar que pode vencer o câncer. Foi neste momento, enquanto ela falava com a voz embargada, que os convidados se emocionaram. "A notícia [da doença] me fez ser mais forte. No dia que a recebi fiquei triste, mas hoje estou aqui para mostrar a minha força."

Para Robson, a alegria do momento pode ajudar no tratamento contra o câncer. "Essa é sem dúvida uma das maiores alegrias da vida dela. E a felicidade pode ajudá-la. Acredito que tudo vai dar certo", disse.

Os preparativos para o casamento começaram há dois meses a partir da mobilização da ONG Grupo Luta pela Vida, que presta apoio aos pacientes do Hospital do Câncer em Uberlândia, 537 km de Belo Horizonte, onde Margareth recebeu tratamento. "Nós fomos atrás de tudo. Conseguimos o espaço, o vestido, o salão de beleza, o bufê, bebidas, decoração, fotografia e filmagem com pessoas que se sensibilizaram com a história e doaram trabalho ou dinheiro", diz a voluntária Giovana Lucas.