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Prefeito gaúcho é afastado por supostas irregularidades em ciclovia

Ciclofaixa instalada em Montenegro (RS); prefeitura não teria licenças para a obra - Vinícius Bühler da Rosa/Jornal Ibiá
Ciclofaixa instalada em Montenegro (RS); prefeitura não teria licenças para a obra Imagem: Vinícius Bühler da Rosa/Jornal Ibiá

Do UOL, em Porto Alegre

25/05/2015 18h56

A Câmara de Montenegro, cidade com cerca de 63 mil habitantes a 62 km de Porto Alegre, no Vale do Caí, aprovou, no início da tarde desta segunda-feira (25), o impeachment do prefeito, Paulo Azeredo (PDT). Ele é suspeito de irregularidades na construção de uma ciclovia no meio de uma das principais avenidas da cidade. 

A obra na rua Capitão Cruz, que teve gasto estimado de R$ 118 mil, foi investigada pelo Ministério Público, que constatou a ausência de análise do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito e de responsável técnico pelo projeto e sua execução.

Além disso, os 1.500 metros de faixa pintada no asfalto têm gerado reclamações sobre a falta de segurança para os ciclistas e transtornos gerados no trânsito no centro da cidade.  Em março, a Justiça determinou que a ciclovia fosse demolida. A decisão atendeu um pedido do MP.

Com base no relatório, que condenou o prefeito em cinco das sete denúncias e indicou sua perda de mandato, os vereadores de Montenegro abriram processo de impeachment de Azeredo que, por 8 votos a 2, foi destituído. Em seu lugar assume o vice, Luiz Américo Alves Aldana, que está sem partido depois de se desfiliar do Psol.

Em manifestações anteriores ao impeachment, Azeredo classificou a manobra da Câmara como "perseguição". Ele defendeu sua obra como sendo inspirada em bem sucedidos modelos europeus, como o da cidade espanhola de Barcelona.

O prefeito afastado não compareceu à sessão nesta segunda, nem foi encontrado pela reportagem para comentar a decisão dos vereadores.

Entretanto, o presidente estadual do PDT, deputado federal Pompeo de Mattos, acompanhou a votação e salientou, através das redes sociais, que a sigla deve recorrer da decisão - a qual chamou de "um absurdo jurídico" --no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Na sexta-feria, Azeredo foi procurado para a intimação. No domingo, ele ingressou com um mandado de segurança com o argumento de que não havia sido intimado para a sessão.

A Câmara, então, ingressou no TJ (Tribunal de Justiça) do RS com um agravo, que foi julgado na madrugada desta segunda-feira e garantiu a realização da votação. Oito vereadores foram favoráveis ao impeachment --dois deles do mesmo partido do prefeito.

Em 2009, quando ocupava uma cadeira de deputado na Assembleia Legislativa do RS, Azeredo defendeu seu projeto de trem-bala que ligaria Porto Alegre a São Paulo em quatro horas. Mas os trilhos não sairam do papel.