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Alemão tentou arrumar vazamento de gás e causou explosão no Rio

O laudo também aponta que os ferimentos em Müller foram causados por estilhaços - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
O laudo também aponta que os ferimentos em Müller foram causados por estilhaços Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

27/05/2015 09h47Atualizada em 27/05/2015 14h44

A explosão que destruiu apartamentos do edifício Canoas, em São Conrado (RJ), no dia 18 de maio, foi provocada por um vazamento de gás agravado pelo próprio morador do apartamento, o alemão Markus Müller, que está internado em estado grave com mais da metade do corpo queimado. A informação é da rádio "Band News FM", que diz ter tido acesso a um laudo da Polícia Civil.

De acordo com os investigadores, os ferimentos observados pelo corpo do alemão foram provocados por estilhaços de vidro, uma vez que ele, com o corpo em chamas, teria se movimentado sobre um sofá repleto de cacos de vidro para conter o fogo. Em entrevista à "Globo News", na manhã desta quarta-feira (27), o diretor do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), Sérgio William, confirmou a natureza acidental da explosão.

O vazamento de gás no apartamento 1.001 ocorria havia cerca de uma semana, de acordo com o laudo. Na noite anterior à explosão, por conta própria, o alemão tentou trocar os rabichos (peças de conexão) do equipamento de gás. Porém ele teria feito o reparo de forma inadequada, o que acabou aumentando o vazamento.

A explosão ocorreu no momento em que Müller acendeu a luz de um dos cômodos do apartamento, na manhã do dia 18 de maio, depois que um grande volume de gás se acumulou no interior do imóvel durante toda a madrugada.

A conclusão dos peritos do ICCE descarta a versão de que a vítima foi torturada por um suposto assaltante antes do incidente. Aos médicos do Hospital Municipal Miguel Couto, onde Müller foi atendido inicialmente, ele afirmou que um criminoso invadiu o apartamento e ameaçou explodir o local.

"Ele chegou dizendo que um homem teria entrado no apartamento querendo um relógio Rolex dourado e dinheiro. E ficou à noite o torturando com uma faca, provocando lesões pelos braços e no corpo. Depois disso, ameaçou que iria explodir tudo", afirmou o diretor do hospital, Luiz Alexandre Essinger, na última sexta-feira (22).

A Polícia Civil não descartou a possibilidade de que a história fosse verdadeira, já que o alemão apresentava lesões incompatíveis com uma explosão. No entanto, informou a rádio "Band News FM", a perícia apontou que os ferimentos no corpo da vítima foram causados por estilhaços.

De acordo com o hospital, o paciente apresentava seis a oito cortes longitudinais e cinco perfurações pequenas no tórax, do pescoço até a altura do umbigo, além de cortes paralelos e longitudinais na parte interna dos braços, da altura do cotovelo até o punho.

"Desmontou uma série de teorias da conspiração", disse o síndico do prédio, Jorge Alexandre de Oliveira. De acordo com Oliveira, as conclusões da Polícia Civil condizem com o que acreditavam os moradores do edifício.

No dia da explosão, o volume de gás consumido era cinco vezes maior em comparação com a média histórica mensal utilizada por Müller. Técnicos da CEG (Companhia Estadual de Gás) constataram que 30 metros cúbicos de gás haviam sido consumidos, enquanto a média mensal de consumo do apartamento era de 6 metros cúbicos --volume verificado em medição no dia 12.

A assessoria de comunicação da Polícia Civil do Rio ainda não se pronunciou sobre a divulgação do laudo do ICCE. O delegado responsável pela investigação, José Alberto Pires Lage, da 15ª DP (Gávea), não foi localizado pelo UOL. (Com Estadão Conteúdo)