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Preso usa WhatsApp para comandar tráfico de drogas e armas no RN

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

25/06/2015 14h29

Escutas telefônicas feitas pelo MPE (Ministério Público Estadual) do Rio Grande do Norte revelaram que um preso da Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), comandava por meio do aplicativo WhatsApp o tráfico de drogas e de armas, assaltos e assassinatos em cidades do oeste do Estado. O esquema funcionava desde 2013 dentro da unidade prisional, que é considerada de segurança máxima.

Segundo o MPE, o preso José Jocenildo de Morais Fernandes, conhecido como Nildinho, montou uma rede criminosa para compra, transporte, armazenamento e revenda de drogas e outros crimes. O esquema funcionava desde setembro de 2013, quando Fernandes foi preso pela terceira vez.

"Desde 2013 em Alcaçuz, passou a se dedicar ao tráfico de drogas e com o auxílio da esposa e de um irmão, além de 11 pessoas, estruturou uma rede para o tráfico de drogas em sua cidade de origem, Apodi, tendo afastado outros traficantes que atuavam na área, de modo a transformar Apodi no seu reduto do crime", detalhou o MPE.

Nesta quinta-feira (25), o MPE junto com a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar cumprem 13 mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Natal, Apodi e Caraúbas. Os mandados foram expedidos pela Vara Criminal de Apodi.

Simultaneamente, agentes do GOE (Grupo de Operações Especiais) do Sistema Penitenciário do Estado fizeram revistas nas celas do Pavilhão 5. As ações fazem parte da operação "Pedra sobre Pedra".

Conversas mostram compra de arma e divergências por peso de droga

A unidade prisional é considerada de segurança máxima e é conhecida por Pavilhão 5 por estar em anexo à Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Apesar de o preso estar recolhido em unidade prisional considerada de segurança máxima, as gravações mostraram que ele tinha acesso a telefone e internet para se comunicar com o grupo que liderava.

Em uma das gravações, Fernandes fala ao telefone com um comparsa e reclama sobre a pesagem de drogas, que estaria acima do peso vendido. Durante o diálogo, o colega diz que fez uma foto da balança e enviou para o WhastApp usado por Fernandes para que ele observe que a pesagem está de acordo. Em seguida eles conversam sobre a aquisição de uma pistola Glock .40, de uso exclusivo da polícia estadual.

"Não é grama não. É ponto nove. Esse homem é doido? Eu vou mandar a foto aqui, esse homem tá viajando. Chegou a foto ai agora? Chegou, você está online. Olhe ai!", diz um comparsa.

"Ei, se aparecer uns ferrozinho [armas] daquele jeito lá...", diz o preso.

"Vai aparecer, vai aparecer. Um boy tem uma peças [armas] alí pra vender. E o boy quer trocar em fumo as peça", diz o homem.

"Homi, cadê?", pergunta Fernandes.

"Agora a peça é cara, é uma peça cara porque é uma peça irada. É uma Glock, uma 40 Glock", informa o homem.

"E é? Tem como eu ver a foto não, no WhatsApp?", pergunta o preso.

Traficante já foi condenado por duplo homicídio e explosão de caixas eletrônicos

Nildinho foi condenado a 37 anos e seis meses de prisão pelos assassinatos do agropecuarista Vicente Veras e do motorista dele, Erimar Bezerra Alves, que foram cometidos na cidade de Campo Grande (RN). Segundo o MPE, ele não cumpriu a pena porque conseguiu fugir da cadeia onde estava recolhido.

Ele foi preso novamente em novembro de 2011 acusado de participar de explosões em caixas eletrônicos, mas logo depois conseguiu fugir. Em setembro de 2013, o acusado voltou a ser preso, desta vez por policiais do BPChoque, na Avenida Roberto Freire, em Natal, portando identidade falsa.

A Sejuc (Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania) informou, na tarde desta quinta-feira, que o preso está em "cela diferenciada para desarticulação do apenado". A revista realizada nesta manhã não encontrou nenhum aparelho de telefone celular com o preso.