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Entregador de pizza é morto em confronto entre PMs e traficantes no Rio

Parentes e amigos de Rafael Camilo Neris foram ao IML (Instituto Médico-Legal) para reconhecer o corpo do entregador de pizza, que morreu após ser atingido em confronto no Morro da Coroa - Fabiano Rocha / Extra / Ag. O Globo
Parentes e amigos de Rafael Camilo Neris foram ao IML (Instituto Médico-Legal) para reconhecer o corpo do entregador de pizza, que morreu após ser atingido em confronto no Morro da Coroa Imagem: Fabiano Rocha / Extra / Ag. O Globo

Do UOL, no Rio

29/06/2015 10h25

Um entregador de pizza morreu após ser baleado em um confronto entre policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) e traficantes da Coroa, favela da região central do Rio de Janeiro, na noite deste domingo (28). Rafael Camilo Neris, 23, chegou a ser levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, mas não resistiu.

Amigos da vítima lamentaram sua morte por meio de mensagens publicadas em redes sociais. Eles afirmam que o jovem era "trabalhador" e teria morrido quando entregava uma pizza na comunidade. Segundo familiares, Neris deu entrada no hospital sem documentos, que teriam sido roubados. "Dói muito", afirmou a mulher de Rafael, Rosana Monteiro, agradecendo o apoio e as mensagens de amigos.

"Perdemos um amigo, um colaborador", afirmou, em sua página no Facebook, a empresa Santa Pizza, onde Rafael trabalhou como entregador. "O sentimento é de fragilidade e de não saber de que lado ficar ou como fugir ou se defender e de quem se defender, O Luto é eterno e continuo e só muda o endereço todos os dias! Ficamos com a lembrança de um sorriso de paz!"

A Polícia Militar não informou detalhes sobre a morte do entregador de pizza. De acordo com a PM, apenas três suspeitos foram baleados, dos quais dois morreram. O terceiro, que seria o chefe do tráfico de drogas na comunidade, é conhecido como "Ná do Salgueiro" e está preso sob custódia no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade. Não foram divulgados detalhes sobre o seu estado de saúde.

A ação do Bope resultou ainda na apreensão de duas pistolas e cinco granadas de fabricação caseira, além de aparelhos de telefonia celular e farta quantidade de munição, de acordo com a Polícia Militar.

O Morro da Coroa possui uma das 41 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em funcionamento no Estado do Rio. A unidade foi inaugurada no dia 25 de fevereiro de 2011 e atende ainda as comunidades vizinhas do Fallet e do Fogueteiro, na região compreendida entre os bairros Catumbi, Santa Teresa e Rio Comprido.

Apesar da ocupação policial, a Coroa está no centro de uma disputa entre duas facções rivais do tráfico de drogas. Há pouco mais de um mês, após sucessivos confrontos que provocaram pelo menos oito mortes, uma das quadrilhas conseguiu invadir a favela e tomar da outra o controle das bocas de fumo. A Polícia Militar informou ter reforçado o policiamento na região, mas os tiroteios ocorrem com frequência, segundo relatos de moradores.

Invasão

A operação do Bope ocorreu em resposta à invasão de traficantes a uma base da UPP na comunidade do Fallet, na sexta-feira (26). Sete PMs foram rendidos, agredidos e tiveram suas armas roubadas. A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou que vai investigar as circunstâncias dos fatos relatados pelos PMs.

Um dia antes, o policial militar da UPP São Carlos (Estácio) Tarsis Doria Noia morreu após ser atingido por um disparo de arma de fogo no Morro do Zinco. Em menos de 24 horas, esse foi o segundo registro de PMs atingidos na região. Na quarta-feira (24), um policial não identificado foi baleado durante uma operação no Morro da Mineira. As comunidades da Mineira e do Zinco fazem parte da área de abrangência da UPP São Carlos. (Com Estadão Conteúdo)