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Governo demite agente que dopou colegas e roubou pistolas de presídio em MG

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

30/06/2015 21h32

O governo de Minas Gerais demitiu nesta terça-feira (30) um agente penitenciário que foi condenado pela Justiça pelo roubo, no ano passado, de 39 pistolas ponto 40 e seis submetralhadoras de uma central de escoltas, situada em penitenciária da cidade de Ribeirão das Neves, na região Metropolitana de Belo Horizonte.

Conforme publicação feita na edição de hoje do Diário Oficial do Estado, a Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE-MG) demitiu Marcos Antônio Rodrigues Oliveira Nogueira “a bem do serviço público, por crimes contra a administração e lesão ao patrimônio público’.

Pelo crime, do qual foi considerado o mentor, Nogueira foi condenado em primeira instância a 21 anos e nove meses de prisão por peculato e roubo qualificado. Ele recorreu da decisão, mas o judiciário negou-lhe o direito de recorrer em liberdade. O agente penitenciário foi preso, em abril do ano passado, juntamente com Arthur Rodrigues Nogueira, irmão dele, Washington Luiz Soares e Wanderley Metzker.

A intenção dos irmãos, conforme a Polícia Civil de Minas Gerais, era obter dinheiro com a venda do armamento.

Arthur Nogueira foi condenado a 16 anos de reclusão. Já Metzker foi apenado com três anos de reclusão, que estão sendo cumpridos em regime aberto. Ele afirmou ter comprado uma das pistolas roubadas por R$ 4,5 mil, apenas para se proteger, em razão de possuir um sítio em Ribeirão das Neves. 

Já Washington Soares cumpre pena de seis anos em regime fechado, mas foi beneficiado com o direito de recorrer da sentença em liberdade.

Relembre o caso

Conforme a investigação, no dia do roubo, na madrugada de 24 de março de 2014, Marcos Nogueira, que estava de serviço na central de Escoltas, usou o medicamento Rivotril para dopar oito colegas de trabalho.

Nogueira preparou para eles uma salada de frutas e um suco, contendo o medicamento, dentro da central, local onde ficam os agentes penitenciários responsáveis pela escolta de presos.
Um laudo feito pelo Instituto Médico Legal de Belo Horizonte (IML) confirmou a presença do medicamento no suco, mas descartou a existência dele nas sobras da salada de frutas.

No entanto, a polícia atribuiu a isso o fato de o suspeito ter tido muito tempo para "mascarar" a cena do crime, descartando o alimento com o remédio. No local, não existem câmeras de segurança.

Em um primeiro momento, foram recuperadas 33 pistolas e todas as submetralhadoras, além de 1.500 munições. A Policia Civil afirmou que foi descartada a participação de outros agentes penitenciários no caso.

Quando da sua apresentação, o agente Marcos Nogueira havia dito ter se arrependido do crime e contou que praticou o roubo em razão de uma dívida com um agiota, cujo nome ele não revelou, que estaria ameaçando matá-lo e também a sua família. Ele ainda pediu desculpas aos familiares, aos colegas de trabalho e à sociedade.

"Esse ato impensado não foi por ganância. Eu estava com dívida com agiota, e o agiota ameaçou me matar. Essa dívida cresceu. Eu tinha pegado R$ 10 mil, mas ela passou a ser de R$ 30 mil", afirmou quando da sua apresentação. Segundo ele, a família passou a ser ameaçada.