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Após assaltos, bispo proíbe padres de manterem dinheiro em igrejas de AL

Paróquia de Anadia, em Alagoas, vítima de assaltantes em junho  - Diocese de Penedo/Divulgação
Paróquia de Anadia, em Alagoas, vítima de assaltantes em junho Imagem: Diocese de Penedo/Divulgação

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

27/07/2015 13h38

Os padres do interior de Alagoas não podem mais manter dinheiro e objetos de valor dentro de igrejas. A determinação é do bispo de Penedo (a 149 km de Maceió), Dom Valério Breda, e foi tomada após o início de uma onda de assaltos a paróquias no Estado.

A diocese de Penedo reúne igrejas de 30 municípios da região sul e agreste de Alagoas, incluindo a maior cidade do interior do Estado, Arapiraca (a 133 km de Maceió), com mais de 200 mil habitantes. Além dela, outras existem duas dioceses em Alagoas: em Maceió e em Palmeira dos Índios, ambas também reclamam da violência.

Segundo a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência, em 2015 já foram registrados 13 assaltos a templos religiosos. Recentemente, as igrejas dos municípios de Anadia, Boca da Mata e Santa Luzia do Norte foram alvo de assaltantes, que normalmente levam o dinheiro das doações de fiéis e objetos com valor histórico.

"As pessoas estão com medo. Nossas igrejas estão sendo alvo dessa violência e, por conta disso, determinei que os padres ligados à Diocese de Penedo não guardem mais recursos financeiros e objetos de valor nas igrejas”, disse o bispo, em reunião com autoridades do governo na última sexta-feira (24), em Arapiraca.

Em um dos casos, em fevereiro, uma igreja no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió, foi invadida, e o padre Paschal Prosper, 62, chegou a ser mantido refém por mais de uma hora. Cerca de dez pessoas estavam no local foram agredidas, e as imagens foram quebradas. Um homem acusado foi preso.

Em Santa Luzia do Norte (região metropolitana de Maceió), em maio, um outro assalto teve o padre Luciano Soares, 39, e outros dois fiéis reféns de assaltantes.

Em nota, a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência informou que “vem acompanhado de perto a situação em relação aos ataques violentos às Igrejas Católicas” e garantiu que vai “ampliar as ações para evitar [violência nas igrejas]”.

“Há uma determinação expressiva para coibir essa prática, mas, acima de tudo, o governo também está voltado ao planejamento de ações conjuntas de prevenção da violência e da criminalidade. Em Arapiraca, por exemplo, entregamos recentemente o Centro de Acolhimento para ampliar a assistência aos dependentes químicos. Esta já é uma ação que reflete em resultados positivos, pois tira usuários de drogas das ruas, os encaminha para reabilitação e evita a prática da violência", informou o secretário Jardel Aderico, que na sexta-feira representou o Estado na reunião com líderes da igreja.