Topo

Falsa grávida é indiciada por morte de gestante e roubo de bebê em Minas

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

27/07/2015 21h08

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou nesta segunda-feira (27) uma mulher acusada de ter matado uma gestante e roubado o bebê, ainda no ventre da vítima, para esconder uma falsa gravidez.

O crime ocorreu no dia 26 do mês passado na cidade de Ponte Nova (a 245 km de Belo Horizonte). Patrícia Xavier da Silva, 21, estava no nono mês de gestação.

A doméstica Gilmária Silva Patrocínio, 33, foi indiciada pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, dar parto alheio como sendo próprio e subtração de incapaz. Segundo a polícia, caso seja condenada, as penas somam 45 anos de prisão.

Os responsáveis pelo caso concluíram que a acusada agiu sozinha. Ela está presa desde o dia 30 de junho no Complexo Penitenciário de Ponte Nova. A polícia não soube informar se ela constituiu advogado de defesa.

A acusada, com receio de perder o marido, teria inventado uma gestação fictícia e, para sustentar a história, tramou a morte da gestante para ficar com o bebê da vítima. Ela já conhecia Patrícia por ter colocado um piercing nela, conforme a polícia.

Reconstituição dos últimos passos

No dia de sua morte, Patrícia havia saído de casa para uma consulta médica em unidade hospitalar da cidade. Os investigadores disseram ter utilizado imagens de câmeras de segurança e depoimento de testemunhas para reconstituir os últimos passos da moça.

Ainda conforme a investigação, Gilmária atraiu a grávida até o local do crime com a promessa de que ela e algumas pessoas iriam doar móveis e enxoval para o bebê.

Nas imagens feitas por câmeras de segurança de uma farmácia próxima ao local da consulta, os policiais disseram ter vislumbrado a vítima entrando e saindo da unidade de saúde e indo em direção à praça central da cidade. Eles descobriram também que ela usou o cartão de vale-transporte do companheiro ao usar um ônibus em direção ao bairro Vale Verde.

Testemunhas contaram à polícia que ela estava em companhia de uma mulher baixa, obesa e de cabelos crespos.

A partir daí, os investigadores disseram que, quando chegaram ao local, uma edificação abandonada na zona rural da cidade situada em local conhecido como Fazenda da Estiva, a suspeita golpeou a vítima na cabeça com um pedaço de pau.

Após desacordar Patrícia, a acusada a amordaçou, amarrou seus pés e mãos e cortou a barriga da jovem com uma lâmina de barbear.

Em seguida, retirou o bebê ainda dentro da placenta. A polícia afirma que ela ainda golpeou a vítima no pescoço e escondeu o corpo em uma caixa d'água desativada existente na mata. Ela foi encontrada por homens do Corpo de Bombeiros no dia 30 de junho.

Após o crime, a suspeita foi para casa levando o recém-nascido, que foi enrolado em alguns panos, e acionou o Corpo de Bombeiros, alegando que teria tido o bebê em casa. Ela foi encaminhada a um hospital da cidade, onde recebeu atendimento médico.

No entanto, a polícia informou que, ao passar pelos exames médicos, a equipe de profissionais constatou a ausência de sinais de gravidez recente na paciente. A polícia foi acionada e prendeu a suspeita. A criança foi levada para o conselho tutelar da cidade.

Já na delegacia, a mulher teria, inicialmente, apresentado versões contraditórias para o caso e, em seguida, confessado o crime.

A polícia disse ter usado dois bonecos utilizados em um curso de medicina de uma faculdade da cidade para a reconstituição do crime. Neles, ainda conforme a investigação, a suspeita teria mostrado como atacou a gestante e retirou o bebê.

O recém-nascido está sob os cuidados dos pais de Patrícia e um exame de DNA foi pedido pela polícia para comprovar se a criança é filha da vítima.

O delegado responsável pelo caso informou ter pedido à Justiça a soltura de um homem, cuja identidade não foi revelada pela Justiça, que era investigado como suspeito de participação no crime.