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Policiais militares são indiciados por prática de tortura em SP

Do UOL, em São Paulo

28/07/2015 19h11

Três policiais militares são investigados em São Paulo pela prática de tortura. O caso aconteceu em 2013, e a tortura, com choques elétricos no pênis de uma das vítimas, foi atestada em laudo do IML (Instituto Médico Legal). Dois dos envolvidos já foram indiciados, mas os três continuam na Polícia Militar e um foi até promovido.

Em outubro de 2013, os policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da corporação, detiveram três homens em uma casa na zona leste de São Paulo. A suspeita era de envolvimento na morte do delegado Antonio Cardoso de Sá.

Dentro do imóvel, os policiais torturaram o dono da casa com choques elétricos na coxa e no pênis. Um vizinho, portador de necessidades especiais, foi colocado dentro de uma geladeira. Um amigo do dono da casa foi trancado no banheiro.

Depois de algumas horas, os três homens foram levados à delegacia e apresentados como suspeitos de envolvimento na morte do delegado. Os detidos negaram participaram no crime, mas não chegaram a relatar a tortura sofrida.

Os policiais civis decidiram, no entanto, encaminhar uma das vítimas ao IML, onde um médico legista atribuiu as lesões sofridas à prática de tortura.

As vítimas foram chamadas a depor novamente. No entanto, a vítima dos choques não foi localizada. Acompanhados por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seus dois amigos confirmaram a tortura praticada pelos policiais militares. Depois disso, também não foram mais encontrados.

“Estamos preocupados com as vítimas que sumiram”, afirma o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-SP, Arles Gonçalves Júnior. Segundo o advogado, faz pelo menos seis meses que não há pistas sobre o paradeiro das vítimas.

Promoção

O inquérito conduzido pelo DHPP (Delegacia Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) está em fase final e já levou ao indiciamento dos policiais Vinicius Manetti e Julio Cesar Alva Balestrim.

Manetti era tenente e, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública, “foi promovido, por antiguidade, a capitão e trabalha em setor administrativo, no Comando de Policiamento da Capital”.

Balestrim e outro soldado investigado “continuam atuando no policiamento ostensivo da Rota”. A Polícia Militar também abriu um procedimento de investigação dos policiais suspeitos.

A secretaria afirmou em nota divulgada nesta terça-feira (28) que “a promoção é normal, porque nenhum cidadão pode ser considerado culpado até que a sentença condenatória esteja transitada em julgado e os critérios para promoção na Polícia Militar são objetivos”. Se um policial “reúne todos os requisitos, não pode deixar de ser promovido”.

A secretaria também declarou que “não tolera desvios” e que “as exceções são rigorosamente investigadas”. “Quando os desvios são comprovados, terminam com a punição dos policiais acusados de crimes”. Desde 2011, 1.903 policiais foram demitidos ou expulsos das polícias paulistas.

Quanto à morte do delegado Antonio Cardoso de Sá, o inquérito foi apresentado à Justiça em dezembro do ano passado. Wallace de Paula Silva, apontado como autor do crime, está preso. Ele não estava entre os três detidos pelos policiais militares da Rota em outubro de 2013.