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Coronel da cúpula da PM do Rio tem imóveis avaliados em R$ 1,7 mi, diz MP

Fontenelle era o chefe do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro - Pablo Jacob/ Agencia O Globo
Fontenelle era o chefe do Comando de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro Imagem: Pablo Jacob/ Agencia O Globo

Do UOL, no Rio

04/08/2015 14h02

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou à Justiça o coronel da Polícia Militar Alexandre Fontenelle Ribeiro, ex-chefe do COE (Comando de Operações Especiais), pelo crime de lavagem de dinheiro. Os investigadores concluíram que, no período em que o oficial comandou o 14º BPM (Bangu), ele liderou esquema de cobrança de propina de comerciantes, mototaxistas, cooperativas de vans, entre outros.

Com o dinheiro ilícito, o ex-integrante da cúpula da PM é suspeito de ter comprado dois apartamentos avaliados em mais de R$ 1,7 milhão, além de uma casa em área nobre da cidade de Búzios, no litoral fluminense, e um veículo Toyota Corolla. Os imóveis foram registrados em nome da mãe e da irmã dele: as advogadas Maria Mércia Fontenelle de Oliveira e Maria Paula Fontenelle de Oliveira.

As duas também foram denunciadas à Justiça por lavagem de dinheiro. Atuantes no esquema de cobrança de propina, outros três PMs subordinados ao coronel responderão pelo mesmo crime. São eles o major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, ex-subcomandante do 14º BPM; o capitão Walter Colchone Netto, ex-chefe da P-2 (serviço de inteligência); o major Edson Alexandre Pinto de Góes, ex-coordenador operacional.

Em parceria com a Seseg (Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro), o Ministério Público Estadual realiza nesta terça-feira (4) uma operação para cumprir dez mandados de busca e apreensão. A Corregedoria da Polícia Militar participa da ação, um desdobramento da operação "Amigos S.A." --que resultou, em setembro do ano passado, na descoberta do esquema criminoso e na prisão do coronel Fontenelle.

A reportagem do UOL não conseguiu localizar os advogados dos seis denunciados. MP e Secretaria de Estado de Segurança Pública não informaram os suspeitos possuem ou não defesa constituída.

Apartamentos

Segundo a denúncia, as escrituras dos imóveis do ex-chefe do COE foram feitas na mesma data, na época em que o grupo de policiais atuava no 14º BPM. O primeiro apartamento, localizado no bairro do Grajaú, na zona norte do Rio, está avaliado em R$ 995 mil. Já o segundo, uma cobertura em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, vale cerca de R$ 750 mil e tem 300 metros quadrados.

Durante a apuração, no ano passado, foram apreendidos R$ 287,6 mil em espécie na residência do major Edson. O dinheiro estava acondicionado em sacos plásticos, no interior de um armário, e distribuído em maços de R$ 5 mil.

Também foram encontrados cerca de 400 euros, joias em ouro e um bilhete manuscrito, "que demonstrava uma divisão de quantias em dinheiro entre coronel Alexandre [Fontenelle], major Edson e capitão Colchone", informou a Secretaria de Estado de Segurança, em nota.

Lavagem de dinheiro

"Caveira", nome dado aos PMs que passaram pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais), o coronel Fontenelle está há 24 anos na Polícia Militar. No período em que esteve à frente do COE (Comando de Operações Especiais), liderou o Bope, o Batalhão de Choque, o Grupamento Aeromóvel e o Batalhão de Operações com Cães.

Agora, se for condenado pela Justiça, o oficial pode ser punido com até 30 anos de prisão. A denúncia oferecida pelo Ministério Público diz que ele cometeu três vezes o crime de lavagem de dinheiro. Por cada incidência, o Código Penal prevê reclusão entre três e dez anos, além de multa. O policial ainda será investigado pelo crime de improbidade administrativa por incompatibilidade patrimonial.

A operação Amigos S.A. foi deflagrada em 15 de setembro de 2014. Foram denunciados pelo crime de associação criminosa armada 26 PMs, dos quais seis integrantes do Estado-Maior do batalhão de Bangu. Suspeito de participar do esquema, um mototaxista também foi preso. De acordo com o MP, a quadrilha cobrava propina até para autorizar "uma simples entrega de geladeira".