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Caso Joaquim: padrasto se diz inocente, mas admite brigas com mãe do menino

Guilherme Longo, acusado pela morte do menino Joaquim - Silva Junior/Folhapress
Guilherme Longo, acusado pela morte do menino Joaquim Imagem: Silva Junior/Folhapress

Eduardo Schiavoni

do UOL, em Ribeirão Preto

20/08/2015 21h46

Um relacionamento tumultuado, com brigas e agressões com a mãe de seu enteado, mas que não podem ser relacionada à morte do garoto. A declaração é de Guilherme Longo, acusado de matar Joaquim Ponte Marques, 3, filho de sua companheira,em seu primeiro depoimento à Justiça. O crime ocorreu em 5 de novembro de 2013.

Longo admitiu que que a relação com Jaqueline Pontes era turbulenta, com agressões em alguns momentos, mas reiterou a sua inocência em relação ao crime - e que ignora as razões da morte.

O depoimento durou três horas e meia em Tremembé, cidade na qual permanece preso desde março. Foi o último a ser colhido pelo Judiciário. No total, a Justiça ouviu 32 testemunhas, sendo 16 de acusação de 16 de defesa, além dos dois réus.

Segundo advogados que presenciaram a audiência e conversaram com a reportagem do UOL, as declarações de Longo não trouxeram fatos novos ao processo. "Ele se limitou a negar a autoria da morte, mas confirmou episódios de violência entre o casal. Nada do que disse, entretanto, foi capaz de trazer dados novos que pudessem modificar a acusação feita pela polícia", disse Alexandre Durante, advogado que representa Arthur Paes, o pai de Joaquim, no processo.

Já Antonio Carlos Oliveira, advogado de Longo, o depoimento serviu para mostrar que ele não é o responsável pela morte do garoto. "Ele deixa claro que não aplicou insulina, que nunca teve intenção de matar o Joaquim."

Ainda segundo Oliveira, faltam elementos, no processo, que comprovem que Longo teve relação com a morte. "Há uma série de suposições, mas nenhuma prova contundente para se imputar homicídio a alguém. Falta, por exemplo, saber do que Joaquim morreu. Só há ilações sobre isso."

Corpo em córrego

De acordo com a Polícia Civil, o padrasto matou o menino, que tinha diabetes, com uma alta dose de insulina, e jogou o corpo no córrego próximo à residência da família, em Ribeirão Preto. Esse córrego deságua no rio Pardo, em Barretos, onde o corpo foi encontrado cinco dias depois por um pescador. Segundo a polícia, o corpo percorreu perto de 150 quilômetros levado pelas águas até ser encontrado.

No inquérito policial, o casal foi responsabilizado pela morte do menino. O casal responde por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Com o fim dos depoimentos, a juíza Isabel Cristina Alonso Bezerra dos Santos, da 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão, terá que se pronunciar sobre o pedido, feito pela defesa, para que uma nova perícia nos restos mortais de Joaquim seja realizada. Se for concedida, será preciso esperar o resultado dos exames.

Depois que houve a decisão, com a inclusão, ou não, do novo laudo, as partes terão cinco dias para as alegações finais e caberá à juíza decidir se o caso irá a júri popular ou se a decisão será unicamente dela. A expectativa é que a sentença seja publicada até o começo do ano que vem.

Apesar de ambos serem acusados da morte de Joaquim, a Justiça concedeu, em março, um habeas corpus que permite que Natália espere o resultado do julgamento em liberdade. Já Longo, que pediu o benefício várias vezes, tem que aguardar o julgamento preso.

Há um mês, a mãe do menino, Natália Mingoni Ponto, havia sido ouvida em São Joaquim da Barra. Na ocasião, ela se contradisse, mas inocentou o padrasto.

De acordo com o promotor Marcus Tulio Alves Nicolino, a instituição não tem dúvidas sobre a autoria do crime. “A investigação mostrou que ele não aceitava que o menino fosse filho de outra pessoa. Ele pesquisou sobre a diabetes e os efeitos da superdosagem e depois aplicou no Joaquim. Também temos indícios de que ele saiu de casa e jogou o corpo no córrego."