Topo

Polícia investiga demissão de professora transgênero em Jundiaí

Professora transexual Camila Godói, 43, acusa escola de demiti-la por preconceito - Reprodução/Facebook
Professora transexual Camila Godói, 43, acusa escola de demiti-la por preconceito Imagem: Reprodução/Facebook

Jacqueline França

Do UOL, em Jundiaí

22/08/2015 18h32

A professora Camila Godói, 43, registrou um boletim de ocorrência em Jundiaí (a 60 km de São Paulo), alegando que foi demitida da antiga escola onde trabalhava por preconceito. Ela foi desligada do trabalho no fim do semestre após comunicar à escola ser transgênero (que tem identidade de gênero diferente da designada no nascimento).

Até então, a professora usava o nome de Eduardo. Foi com essa identidade que ela se formou e começou a lecionar há 20 anos. Este ano, ela decidiu iniciar o processo para mudar a identidade para Camila.

Ela conversou com a direção do Colégio Cristão de Jundiaí sobre o que planejava fazer. Mas foi surpreendida no fim do semestre, em 29 de junho, quando recebeu um e-mail da coordenadora da escola informando a demissão. "Ela dizia que os alunos não deveriam tomar conhecimento desse lado da minha vida pessoal", declara.

Um mês depois, a professora decidiu registrar o boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial de Jundiaí e agora a polícia vai investigar o caso. "Nós tínhamos a esperança de a escola rever sua posição. Quando eles confirmaram a minha demissão, nós fizemos o registro na polícia", diz a professora.

Para ela, o que determina a presença de um professor em sala de aula é a competência profissional e capacidade de ensinar os alunos. "O que nós buscamos na justiça é a minha reintegração ao cargo de professora", diz Camila.

De acordo com o delegado responsável, Antônio Dota Júnior, os envolvidos serão chamados para prestar depoimento, já que qualquer atitude de preconceito em relação a cor, sexo ou religião é considerada crime de acordo com a Constituição.

Já o diretor da escola onde Camila trabalhava, Renato Silva, disse que a coordenadora errou ao enviar o e-mail informando a demissão e explicou que o motivo não foi o fato de a professora ser transgênero e sim o rendimento dela, que caiu ao longo do semestre.

O caso foi divulgado nas redes sociais e agora, amigos e alunos de Camila demonstram solidariedade e indignação usando usando a hashtag #somostodoscamila.