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Projeto resgata cem gatos de 'vida do crime' em presídios no Ceará

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

30/08/2015 06h00

A vida de contribuição à prática de crimes dentro de presídios no Ceará está chegando ao fim para gatos. Um projeto já “resgatou” mais de cem animais de duas unidades prisionais.

Eles agora têm tratamento para doenças, são castrados e, em seguida, serão colocados para adoção. Os demais presídios do Estado também terão ações de "resgate" em breve.

A presença de gatos nas cadeias se tornou uma dor de cabeça para a direção dos presídios cearenses. “Alguns eram utilizados por detentos como meio de transportar drogas ou celulares de uma cela para outra. Amarravam os objetos com uma fita isolante para isso”, explicou o secretário-adjunto da Justiça e Cidadania, Sandro Camilo Carvalho, que teve a ideia e coordena o projeto.

Há também a possibilidade de transmitir doenças e casos de maus-tratos pelos detentos.

Para não causar problema com os presos, já que muitos tratavam os gatos como animais de estimação, foram feitas palestras explicando a situação antes de começar a retirada dos bichos. “Tinha o lado bom também. Alguns presos adotavam e cuidavam dos gatos, mas temos plena convicção de que lá não é local deles, até pelo mal que o próprio felino pode causar às pessoas na unidade, como a transmissão de doença pelas fezes”, disse.
 
Os gatos apanhados nos presídios estão sendo levados para o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Fortaleza, onde a própria Secretaria de Justiça do Ceará investiu na construção de um gatil para alojar os animais provisoriamente.

“Conseguimos por meio de doações recursos para fazer esse gatil. Outra parceira é com a Universidade Estadual do Ceará, onde os gatos são castrados e receberão um chip, para termos um controle. Em seguida, eles irão para uma feira de adoção”, explicou.

Maus-tratos e torturas

Além da "vida no crime", os gatos também eram, muitas vezes, maltratados pelos detentos.

“Eles eram jogados em paredes, além de uma série de outras aberrações contra os princípios morais da proteção ambiental. Estavam sendo colocados celulares em seus intestinos para que celulares entrassem no presídio. Foi uma situação dramática, e a própria secretaria nos solicitou providências”, contou Nélio Morais, gerente-geral do Centro de Controle de Zoonoses.

Segundo Morais, outros gatos chegaram com ferimentos causados por torturas. Alguns também estão com doenças respiratórias e dermatites --sobretudo causadas por fungos.

“Além disso tem o risco de acometimento de raiva. Fortaleza está há 12 anos sem caso de raiva urbana, mas os animais soltos podem adquirir dos ambientes silvestres”, afirmou. “Os gatos soltos também são predadores naturais e estão extinguindo determinadas espécies”, completou.