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Justiça condena 6 pessoas pelos assassinatos de 2 europeus em Genipabu (RN)

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

02/09/2015 16h15

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte condenou seis pessoas pelos assassinatos do croata Ante Stanic, 55, e do sueco Faik Mekic, 78, encontrados mortos na noite do dia 8 de março de 2014, em uma casa de veraneio na praia de Genipabu, município de Extremoz (região metropolitana de Natal). A sentença foi dada nesta terça-feira (1º) pelo juiz Gustavo Marinho, que considerou todos os acusados culpados pelas mortes dos estrangeiros.

Stanic e Mekic estavam no Brasil havia três meses, quando foram assassinados. Seus corpos foram encontrados pelo caseiro do local um dia depois de uma festa na casa deles, com a presença de várias mulheres.

Ariani Mandu de Souza, 19, Aluízio Azevedo Silva Júnior, 23, Danilo Lima da Silva, 20, Fernando Luiz do Nascimento, 32, Fábio Henrique da Silveira Mendonça, 22, e Renato de Souza Celino, 31, foram condenados por duplo latrocínio, corrupção de menores, posse ilegal de arma de fogo e associação criminosa. Segundo a polícia, uma adolescente de 17 anos também teria participado do crime.

“Os agentes desejavam a realização de mais de um crime de latrocínio, tendo consciência e vontade em cada um deles, quando amordaçaram, agrediram violentamente as vítimas a ponto de imprimir severo sofrimento tanto físico quanto psicológico, bem como envolveram a cabeça das vítimas com sacos plásticos, o que facilitou o sufocamento mecânico, agindo assim, sem sobra de dúvida, com desígnios autônomos”, destaca um trecho da sentença.

Segundo a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), houve divisão de tarefas para praticar os assassinatos. “Os réus Fernando, Ariane e Fabinho foram os responsáveis por imobilizar, agredir e matar a vítima Ante Santic, ao passo que Danilo e Renato por imobilizar, agredir e matar a vítima Faik Neik”, destacou.

Condenações

Ariani Mandu de Souza, 19, foi condenada a uma pena de 47 anos de reclusão e 150 dias-multa, em regime fechado, pelos crimes de latrocínio e corrupção de menores praticados contra as duas vítimas. Renato de Souza Celino, 31, foi sentenciado ao mesmo número de anos de prisão, com 162 dias-multa.

Fernando Luiz do Nascimento, 32, foi condenado a 48 anos e quatro meses de reclusão e 174 dias-multa pelos crimes de latrocínio, corrupção de menores e posse irregular de arma de fogo.

Já Danilo Lima da Silva, 20, e Fábio Henrique da Silveira Mendonça, 22, foram condenados a 46 anos de reclusão e 150 dias-multa, em regime fechado, pelos crimes de latrocínio e corrupção de menores.

O sexto acusado, Aluízio Azevedo Silva Júnior, 23, foi condenado pelos delitos de roubo e corrupção de menores. Sua pena foi de 20 anos e oito meses de reclusão e 62 dias-multa.

O juiz negou a possibilidade de os acusados de recorrerem em liberdade, pois estavam presos durante toda a instrução criminal.

Nesta quarta-feira (2), o UOL tentou localizar os advogados dos condenados, mas não conseguiu.

O caso

Os europeus foram encontrados em quartos separados por um funcionário de Stanic, que trabalhava como vigilante noturno no imóvel. O caseiro deu pela falta de Stanic e Mekic no início da noite do dia 8 de março de 2014 e subiu ao andar de cima do imóvel. Foi quando encontrou os dois corpos e chamou a polícia.

As vítimas vestiam apenas roupa íntima e estavam com os pés e as mãos amarrados, além de terem escoriações pelo corpo. O corpo de Stanic foi encontrado com um lençol enrolado no pescoço e uma bola feita com meia dentro da boca. Ambos os estrangeiros estavam com as cabeças cobertas por sacos plásticos.

De acordo com o inquérito policial, eles foram mortos depois que uma garota de programa teria passado a acreditar que na casa havia um cofre com R$ 100 mil. Ela resolvido roubar o dinheiro com mais seis pessoas.

Segundo a polícia, não existia dinheiro nenhum, porém os estrangeiros foram torturados para revelar onde haviam escondido a suposta quantia e acabaram morrendo.

Vários pertences foram levados da casa, como aparelhos eletrônicos, uma bomba de piscina e um carro que estava alugado no nome de Stanic.

Segundo a PF (Polícia Federal), os dois estrangeiros chegaram ao Brasil no dia 14 de janeiro de 2014, entraram por Recife de forma legal, como turistas. Stanic já havia vindo várias vezes ao país na última década e Mekic passou pelo Brasil no primeiro semestre de 2013, retornando pela segunda vez naquele ano. As vítimas costumavam passar seis meses no Brasil durante o verão e seis meses na Europa.