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Dez anos depois, viúva de Amarildo é notificada por abandono de filho

A viúva de Amarildo, Elizabete, virou alvo de ação por abandono de incapaz em 2005 - Zulmair Rocha/UOL
A viúva de Amarildo, Elizabete, virou alvo de ação por abandono de incapaz em 2005 Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Do UOL, no Rio

04/09/2015 19h37

A viúva do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, Elizabete Gomes da Silva, 50, foi notificada pela Justiça nesta quinta-feira (3) pelo crime de abandono de incapaz, que teria sido cometido por ela em 2005, quando um de seus filhos teria trabalhado como flanelinha na zona sul do Rio de Janeiro.

O advogado de Elizabete afirma que seu filho Anderson, que na época tinha entre 14 e 15 anos, estaria acompanhado de um tio. O defensor afirma que a retomada do processo é uma tentativa de desqualificar a viúva de Amarildo por conta da proximidade do julgamento do assassinato do pedreiro.

Pai do jovem, Amarildo desapareceu depois de ter sido levado algemado no dia 14 de julho de 2013 por PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, na zona sul da capital fluminense, onde a família mora até hoje. Policiais militares foram presos, mas a localização do corpo permanece um mistério.

De acordo com o juiz Pedro Henrique, da Vara da Infância e da Juventude, a ação foi proposta pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) dez anos atrás. O processo chegou a ser extinto sem julgamento em 2009, mas teve continuidade no ano seguinte depois que o MP recorreu. 

O TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) informou que a Justiça estava desde 2010 tentando localizar Elizabete para efetuar a citação, e que ela tem um prazo de dez dias para apresentar defesa. Após a defesa, o juiz deverá decidir se a ação será mantida ou se houve "perda de objeto", o que extinguiria o processo.

A entidade afirmou ainda que não poderia dar detalhes do caso porque processos da Vara da Infância sempre tramitam em segredo de justiça.

Filho de Amarildo - Divulgação - Divulgação
Filho mais velho de Amarildo e Elizabete, Anderson Gomes, 24, hoje trabalha como modelo
Imagem: Divulgação

Adolescente estaria com tio

Para o advogado João Tancredo, que defende Elizabete no caso da morte de Amarildo, não há justificativa para o caso ser retomado "tantos anos depois. "Ela morou a vida inteira naquele lugar. As contas de luz, de telefone, chegam todas certinho. Só a Justiça que não conseguiu", comentou. "Eu só consigo entender esse movimento como uma forma de desqualificar a vítima, pouco tempo antes do fim do julgamento do caso do marido dela. Já tentaram até dizer que ela era traficante".

"Em 2005, o Anderson estava na rua com o tio dele, um irmão do Amarildo, que atuava como flanelinha. Hoje ele é modelo profissional e um exemplo de pessoa. Não bebe e não fuma. Mas o fato é que deixa de existir essa conduta, já que o Anderson tem mais de 20 anos", afirmou o advogado.

Hoje, Anderson tem 24 anos de idade.