Topo

MP denuncia por homicídio vizinho de garota de 6 anos morta em Conchal (SP)

A menina Ana Gabrielle, cujo corpo foi encontrado em Conchal (SP) cinco dias após desaparecimento - Arquivo pessoal
A menina Ana Gabrielle, cujo corpo foi encontrado em Conchal (SP) cinco dias após desaparecimento Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

15/09/2015 14h48

O Ministério Público fez uma acusação formal à Justiça contra Marcelo Pedroni, 31, por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa) em razão da morte da menina Ana Gabrielle Ferreira, 6, em agosto, em Conchal (a 178 km de São Paulo). O homem também foi denunciado pelo crime de ocultação de cadáver. Ele continua preso na penitenciária de Itirapina, onde aguardará o julgamento.

Agora, a Justiça deverá ouvir as testemunhas de acusação e de defesa. A expectativa da promotora Patrícia Taliatelli Barsottini, responsável pela denúncia, é que o julgamento seja feito através de júri popular. Ela contou ainda que Pedroni deve aguardar o resultado na penitenciária e, se condenado, sua pena pode chegar a 43 anos de prisão. De acordo com a lei brasileira, entretanto, o tempo máximo que pode ficar preso corresponde a 30 anos.

"A denúncia já foi oferecida e acatada. O caso agora seguirá os trâmites processuais", disse Patrícia. A Justiça já decretou a prisão preventiva do acusado, que já estava detido temporariamente.

Segundo a promotora, por enquanto não há indicação de que o crime possa ter sido cometido por mais pessoas. "Mas há uma investigação em curso e, se for o caso, outras pessoas também podem ser indiciadas", disse.

O sumiço

Ana Gabrielle sumiu em 15 de agosto, quando passava o dia com a tia, Rosângela Alves Ferreira, em um apartamento localizado no Conjunto Habitacional Ângela Calef. No local também estavam o namorado da tia, a filha de dez anos e outra sobrinha de três meses.

Segundo relato da tia, em determinado momento, ela teve de descer as escadas para atender a irmã. Ela levou a filha e a outra sobrinha e ficou por cerca de cinco minutos fora. Quando voltou, Ana Gabrielle não estava mais no apartamento.

A família mobilizou a cidade nas redes sociais buscando informações sobre o paradeiro da criança, espalhando cartazes pela região em busca de informações. Ela foi encontrada morta cinco dias depois, em um terreno baldio ao lado do condomínio.

Violência sem motivo

A investigação policial, comandada pelo delegado Daniel Pinho, apontou que a criança entrou no apartamento de Pedroni, localizado um andar abaixo, e recebeu dois golpes de faca no pescoço. O exame necroscópico revelou que a menina ainda teve dentes fraturados e sofreu fratura exposta no crânio, provocados por golpes deferidos pelo homem. "Ao que tudo indica, não houve estupro. Ele assumiu que matou Ana Gabrielle, mas não conseguiu explicar as razões para ter cometido o crime", disse.

De acordo com a denúncia, Pedroni envolveu o corpo da criança em um lençol e o colocou dentro de um saco, ocultando-o debaixo de uma cama num dos quartos do apartamento onde vivia com a mulher e dois filhos.

Cinco dias depois do crime, jogou o corpo no terreno ao lado do prédio, em razão do cheiro que exalava. Antes de ser identificado, Pedroni chegou a participar das buscas.

Vizinhos informaram a policiais sobre um odor forte vindo do apartamento de Pedroni nos dias que sucederam a morte de Ana Gabrielle. Ele foi preso em 21 de agosto e confessou ser o autor da morte. Ele disse que havia bebido e utilizado drogas. Tanto a mulher quanto as crianças afirmaram que não tinham conhecimento do crime. A polícia, entretanto, não descarta que outras pessoas tenham ajudado a ocultar o corpo.

Como o caso gerou intensa comoção popular, com tentativa de linchamento do acusado, a mulher dele foi retirada da cidade e os dois filhos foram deixados sob cuidados do Conselho Tutelar. "O que espero é que a Justiça seja feita e que esse monstro pague pelo crime que cometeu e por ter destruído a vida de toda uma família", disse a tia da garota.